A síndrome de Irlen não é tão conhecida. Mas, talvez, você já tenha ouvido alguém se queixar de coisas como “eu esbarro em tudo!”, “não consigo ler por muito tempo, as letras parecem se mexer!”. Nesse caso, pode ser que você tenha conhecido alguém que sofra com ela. 

Essa alteração com sintomas físicos, principalmente oculares, atinge entre 12% e 14% da população, e pode acometer inclusive pessoas que adoram uma leitura. O mais curioso é que, mesmo com a visão perfeita, quem tem a síndrome enxerga o mundo de forma distorcida.

Quer saber mais sobre essa condição? Então, fica aqui que a gente te conta tudo!

O que é a Síndrome de Irlen?

mulher lendo com dificuldades
A síndrome de Irlen é uma disfunção na forma como o nosso cérebro interpreta e processa informações visuais

A síndrome de Irlen é uma alteração visuoperceptual. Isso significa que, por mais que estejamos falando de sintomas físicos relacionados à visão, o problema não está diretamente nos olhos ou na estrutura ocular. É uma disfunção na forma como o nosso cérebro interpreta e processa informações visuais, acarretando problemas de foco, de leitura e de escrita. 

Essa disfunção pode afetar de forma significativa a qualidade de vida, especialmente em contextos acadêmicos e profissionais que exigem leitura e concentração prolongadas. Pessoas com essa condição podem ser erroneamente diagnosticadas com dislexia ou transtorno de déficit de atenção, o que reforça a importância de uma avaliação adequada.

Ela foi reconhecida pela psicóloga Helen Irlen a partir de um estudo com adultos considerados analfabetos funcionais devido à baixa escolaridade e dificuldades de leitura. Os pacientes demonstravam preferência por ambientes menos iluminados e apresentavam, além de fotofobia, dificuldades visuoespaciais, restrição do alcance focal, problemas para manter o foco visual, cansaço ocular (astenopia) e alterações na percepção de profundidade.

Quais são os sintomas da Síndrome de Irlen?

A síndrome de Irlen é mais perceptível a partir do desconforto causado pela leitura ou escrita, ou pela luminosidade advinda de alguma fonte de iluminação, seja natural ou artificial. Porém, é importante notar que a disfunção pode se apresentar diferente para cada pessoa. 

Sintomas provenientes da leitura:

  • Sensação de que as letras se movem, vibram ou desaparecem durante a leitura;
  • Confusão na posição de números;
  • Dificuldade em ler uma linha após a outra;
  • Leitura lenta e com hesitação;
  • Cansaço após 10 a 15 minutos de leitura.

Sintomas provenientes da escrita:

  • Dificuldade de seguir a linha na escrita;
  • Frequentemente esquece ou “come” uma palavra;
  • Letras de tamanhos diferentes;
  • Problemas com espaçamento.

Sintomas relacionados a desconfortos físicos:

  • Dificuldade para focar em palavras ou objetos tridimensionais;
  • Sensação de desfocamento da visão ou estresse visual (astenopia);
  • Olhos lacrimejantes com ardência e prurido;
  • Fotofobia (sensibilidade a luzes, sejam elas fluorescentes, solar ou outras);
  • Dores de cabeça e cansaço visual após atividades que exigem esforço visual prolongado;
  • Dificuldade na percepção de profundidade, afetando atividades como dirigir ou praticar esportes com bola.

Como diagnosticar a síndrome de Irlen?

pessoa fazendo o teste para diagnosticar a síndrome de Irlen
Saiba como diagnosticar a síndrome de Irlen

O diagnóstico é feito por especialistas certificados na metodologia Irlen, que aplicam testes específicos para avaliar se os sintomas estão relacionados à forma como o cérebro interpreta o que os olhos veem.

Geralmente, são realizados questionários e testes de leitura usando filtros coloridos (filmes transparentes colocados sobre o texto). A ideia é descobrir se as cores ajudam a reduzir desconfortos como cansaço visual, dificuldade de foco ou distorções nas palavras.

Caso a triagem indique a presença da síndrome, o próximo passo é identificar a cor exata que ajuda o cérebro a processar melhor os estímulos visuais. Isso é feito com testes mais profundos e pode resultar na prescrição de óculos com filtros Irlen personalizados sem grau, mas com a função de aliviar os sintomas.

Caso você tenha desconfianças de que esse pode ser seu caso, você pode fazer um autoteste de leitura clicando aqui. Basta mudar as cores e ver se a mudança afeta sua leitura de alguma forma. Lembrando que isso serve somente como um indicativo para procurar ajuda profissional, não servindo como diagnóstico oficial da condição. 

Síndrome de Irlen x Dislexia x TDAH: qual é a diferença?

Embora compartilhem alguns sintomas, como dificuldade para ler, a síndrome de Irlen, a Dislexia e o TDAH são condições diferentes.

De acordo com o Irlen Institute, até 46% das pessoas diagnosticadas com dislexia, TDAH ou dificuldades de aprendizagem podem, na verdade, estar sofrendo com a síndrome de Irlen e se beneficiariam do uso de filtros coloridos personalizados, que fazem parte do Método Irlen.

Isso significa que, em muitos casos, o verdadeiro obstáculo para a leitura fluida e confortável não está na linguagem ou na atenção, mas sim na forma como o cérebro interpreta os estímulos visuais.

A síndrome de Irlen interfere na percepção visual. As pessoas com essa condição podem ver as letras se embaralharem, se moverem, mudarem de cor ou parecerem tremidas. Isso gera cansaço, dores de cabeça, dificuldade para manter o foco e até aversão à leitura. No entanto, não há impacto na linguagem, na escuta, na fala ou na escrita espontânea. Ou seja: não há troca de letras, escrita espelhada, atraso de linguagem ou prejuízos cognitivos diretos, como acontece na dislexia.

O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) envolve sintomas como impulsividade, agitação motora, dificuldade de organização, desatenção em diferentes contextos e comportamentos fora de controle. Já a síndrome de Irlen não está relacionada a esses aspectos comportamentais, embora a dificuldade de leitura e o esforço visual constante possam ser confundidos com falta de atenção ou desinteresse.

Agora que você conhece tudo sobre síndrome de Irlen, que tal continuar aqui aprendendo, agora sobre síndrome de Cushing?