Mulheres no mercado de trabalho: tiramos as principais dúvidas
Em 1970, a Organização das Nações Unidas oficializou o Dia Internacional das Mulheres, visto que é uma data que tem como intuito representar uma luta voltada à desigualdade social e salarial, ao machismo e à violência. Após muitos anos de reivindicação pelos direitos, como será que estão as mulheres no mercado de trabalho?
Para te ajudar a entender melhor sobre este cenário, nós responderemos as seguintes dúvidas ao longo deste artigo:
- Como está a desigualdade de gênero no mercado de trabalho?
- Quais são os desafios da dupla jornada?
- Por que as mulheres ainda são minorias em cargos de liderança?
Como está a desigualdade de gênero no mercado de trabalho?
Mesmo após muitos anos de luta a favor dos direitos das mulheres, o mercado de trabalho é um ambiente que conta com bastante desigualdade de gênero, sabia?
A partir de uma pesquisa feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), comandado pela pesquisadora Janaína Feijó, foi possível perceber que a presença da mulher no mercado de trabalho teve uma queda. Para se ter uma ideia, houve apenas 54,3% da participação delas em 2019. Em 2021, a porcentagem foi para 51,5%.
Ao analisar esses dados, podem parecer pouco alarmantes. No entanto, quando comparados aos homens no mercado de trabalho, é possível notar a presença da desigualdade de gênero, afinal, o público masculino está presente em mais de 71% das empresas.
Segundo Nina Navarro, Coordenadora Jurídica da TotalPass, o curso de direito é um curso bastante conservador e um ambiente que, na maioria das vezes, é muito determinado pelo machismo. Em algumas situações, já se sentiu diminuída e descredibilizada por ser mulher.
“É muito comum que vejamos a maioria dos líderes, gestores e donos dos escritórios ou dos grandes nomes do direito sendo homens, então isso é algo que naturalmente é visível nos cargos de gestão ainda dominados por eles”. Além disso, Nina explica que a presença da mulher tem sido cada vez mais presente em relação aos homens no Brasil.
Conforme a Marília Zanotti, Head de Customer Experience da TotalPass, um dos pontos que acabou impactando na sua jornada profissional foi a ausência de mais mulheres em cargos de liderança. “Ao longo da minha carreira e dos lugares onde já trabalhei, nem sempre eu tinha uma referência feminina. Muitas vezes, você olha e vê alguns comportamentos dos quais não se identifica e, às vezes, acha que aquilo está errado ou que vai fazer de maneira errada, sendo que as coisas não são exatamente assim”.
“Conseguir criar essa autoconfiança de ser você, acreditar que vai fazer da melhor forma e seguir muitas vezes da maneira que entende ser o certo acaba desafiando também as pessoas que estão acima de você”, comenta Marília.
Confira alguns fatores atrelados à desigualdade de gênero:
- Diferença salarial;
- Síndrome da impostora;
- Cultura pouco inclusiva;
- Desigualdade de cargos;
- Assédio no ambiente de trabalho;
- Falta de garantia de seus direitos;
- Dupla jornada, maternidade e carreira;
- E muito mais!
Quais são os desafios da dupla jornada?
Quando o assunto é a dupla jornada, a maternidade é um grande desafio, principalmente para aquelas que precisam ir à empresa. Em alguns casos, devido à correria da própria rotina e pela falta da flexibilização, como, por exemplo, o trabalho remoto, muitas mães acabam deixando seus trabalhos.
Conforme um dado divulgado pela Pesquisa dos Profissionais da Catho de 2018, mais de 30% das mulheres ja tiveram que se ausentar de suas obrigações profissionais para cuidar dos filhos. No entanto, ao comparar essa informação aos homens, apenas 7% fazem o mesmo.
Para Carol Soares, Executiva de Customer Success da TotalPass, a maternidade foi um dos grandes desafios, visto que existe aquela preocupação entre conciliar a parte de ser mãe e a vida profissional.
“O tempo que eu gastava antes no trajeto e me locomovendo até o trabalho, hoje tenho maior qualidade com o meu filho. É super importante esse tempo que eu tenho, pois consigo ajudá-lo com as tarefas da escola e, quando não, aproveitar esse intervalo com ele”, comenta Carol.
Além disso, conforme a Pesquisa Profissionais da Catho, outro tema bastante comum é o tempo de retorno, já que 45% levam de três meses ou mais para voltar às atividades relacionadas ao trabalho.
Por outro lado, muitas mães também acabam perdendo oportunidades de emprego simplesmente por serem mães. Sem contar as preocupações do dia a dia, né? Como, por exemplo, medo de pedir para sair mais cedo ou até mesmo o receio de perder o vínculo com a criança, sendo a preocupação de 50% das mulheres, conforme a pesquisa.
“Oferecer um apoio às creches, por exemplo, para ajudar numa rede de apoio ou como um incentivo. Como benefício, é uma atitude legal que eu tenho visto RHs se comportando dessa forma”. Além disso, Nina comenta que é importante que as empresas adotem inventivos de promoções, visto que muitas mães acabam ficando nos mesmos cargos por muito tempo.
“Não é porque a mulher está grávida que ela não merece uma promoção, por exemplo. É muito raro, hoje, você ver uma mulher que antes saía de licença ter uma promoção. Quando não, em casos graves, as empresas tentam driblar de alguma forma para tirar aquela mulher daquela posição ou para demiti-la. Além de não poder acontecer, é algo que precisa ficar para o passado”, comenta a Coordenadora Jurídica.
Por que as mulheres ainda são minorias em cargos de liderança?
Antes de qualquer coisa, nós temos uma pergunta para fazer: quantas mulheres estão ocupando cargos de liderança na sua empresa? Geralmente, ao olharmos mais a fundo as organizações, poucas mulheres estão ocupando posições de autoridade.
De acordo com um levantamento feito pela Grant Thornton, que levou em consideração mais de 250 empresas brasileiras, o público feminino ainda é inferior em cargos ou posições executivas, ocupado por apenas 38% das mulheres.
“Um ponto que ajudaria muito e que eu tenho visto são vagas afirmativas para mulheres, principalmente em cargos de liderança, para que a gente realmente consiga ter essa igualdade”, sugere a Executiva de Customer Success.
Por isso, é muito importante que as empresas passem a adotar novas mentalidades em relação às mulheres no mercado de trabalho, pensando sempre em tornar o ambiente cada vez mais diverso e inclusivo em prol da carreira de todos.
A seguir, separamos algumas das vantagens da liderança feminina nas empresas:
- Traz melhorias para a comunicação;
- Maior capacidade para agir em diversas situações;
- Adaptabilidade aos diferentes conflitos da empresa;
- Promove o equilíbrio entre todos os setores da organização;
- E muito mais!
Hoje, no que diz respeito à população econômica do país, as mulheres representam mais de 45%. Além disso, quando comparadas aos homens, as posições de liderança ainda são menores, sem contar os salários mais baixos, né? Portanto, é preciso mudar este cenário e trazer para os cargos de liderança cada vez mais mulheres.
Seja dono de empresa ou RH, é importante que você faça a diferença e promova espaços em prol do protagonismo feminino. Mas, afinal, como fazer isso na prática? Desenvolva iniciativas de diversidade, reveja todas as políticas organizacionais e, por último, crie um plano de carreira envolvendo todas as mulheres da sua equipe.
Para tirar as principais dúvidas sobre as mulheres no mercado de trabalho e para trazer algumas dicas, nós separamos a entrevista completa com Marília, Nina e Carolina: