A demissão de um colaborador pode acontecer por diversos motivos, além de ser um momento bastante delicado para o profissional e para a empresa. Minimizando os impactos do desligamento, a equipe de RH pode aplicar a técnica do outplacement – uma estratégia para ajudar o colaborador em sua recolocação no mercado de trabalho. 

E você, profissional de recursos humanos, já parou para pensar no quão importante pode ser esse processo? Neste texto, você terá uma visão ampla sobre o outplacement e como aplicar com a sua equipe. Fique de olho nos tópicos que abordaremos:

O que é outplacement?

Em tradução livre, “outplacement” é o mesmo que “recolocação”. Quando um colaborador é desligado, por qualquer motivo, a empresa pode utilizar desta prática para dar o suporte necessário para que o profissional consiga um novo emprego. 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 7,5 milhões de pessoas estavam desempregadas no Brasil no segundo trimestre de 2024. A concorrência na busca por um emprego é grande, por isso, qualquer incentivo é bem-vindo.

O desligamento de um colaborador deve ser um momento de respeito, empatia e apoio

Ele pode ser feito de diversas formas, desde a oferta de cursos para crescimento pessoal e profissional, até apoio emocional e acesso a redes de contatos para ajudar na busca por um novo cargo. Nós vamos te contar tudo o que você precisa saber nos tópicos abaixo. Continue a leitura!

Qual a importância do outplacement?

O outplacement pode ser vantajoso para o profissional que está em processo de desligamento e até mesmo para a empresa, e você já vai saber o porquê. Nós separamos alguns desses benefícios para te ajudar a entender qual é o impacto do auxílio para ambas as partes.

Para o colaborador

Para o colaborador, o outplacement é uma forma de passar pelo desligamento com a perspectiva de que logo ele estará de volta para o mercado de trabalho. Além disso, a empresa ainda pode oferecer cursos, treinamentos e workshops para que o profissional aprimore suas habilidades e fique ainda mais bem preparado para as oportunidades que vão surgir. 

É importante lembrar que muitas pessoas ficam na mesma empresa durante anos, e isso faz com que elas não tenham tanta noção do que o mercado está exigindo no momento em que saírem. Isso torna o outplacement ainda mais importante e necessário. 

Você, como RH, sabe que a demissão pode gerar sentimentos negativos nos colaboradores – frustração, baixa autoestima, síndrome do impostor, estresse, ansiedade, entre outros. Esse acompanhamento personalizado pós-desligamento também ajuda o profissional a lidar melhor com esses sentimentos.

Para a empresa

O cuidado com os colaboradores deve ser prioridade desde o momento da admissão até a saída. E isso não deve ficar só na teoria – o outplacement demonstra um compromisso com a ética e a responsabilidade social e, consequentemente, faz com a marca seja bem vista no mercado, tanto para possíveis candidatos como para outras instituições. 

Outro ponto interessante é que essa prática pode reduzir o risco de processos trabalhistas, pois demonstra que a empresa está disposta a auxiliar o colaborador na transição para um novo emprego. O Relatório Geral da Justiça do Trabalho 2023 indica que, no último ano, houve um aumento de 11,3% no número de processos contra empresas em relação a 2022. 

A humanização do desligamento ainda pode ajudar a manter um relacionamento positivo com os ex-colaboradores, abrindo portas para futuras parcerias ou até mesmo para uma possível recontratação, caso as condições sejam favoráveis. Quem sabe, não é mesmo?

Para quem fica na empresa, o outplacement traz a segurança de saber que, caso aconteça o processo de demissão, ele será mais leve e terá o apoio da equipe de gestão de pessoas. 

Agora que você já sabe quais são os benefícios do outplacement, está na hora de descobrir como ele funciona na prática. Vamos lá?

Como aplicar o outplacement na prática?

Parece complicado, mas, na verdade, o outplacement é mais simples do que você pensa. É claro que a empresa precisa fazer um investimento e pensar em todos os detalhes, mas como já dito anteriormente, os benefícios são diversos e podem fazer toda a diferença. 

Continue a leitura para descobrir como o outplacement acontece na prática e qual o papel do RH

Dessa forma, a equipe de RH tem algumas opções para aplicar no processo, com o objetivo de demonstrar suporte para o colaborador desligado. Separamos algumas delas para você entender melhor. Confira a lista abaixo! 

Feedback transparente

Quando o desligamento acontece, é muito importante que o RH seja claro e transparente sobre os motivos que levaram a tal decisão. O colaborador não está atendendo aos critérios de performance? O fit cultural não bate? Esse desligamento faz parte de demissões em massa que estão ocorrendo?

É claro que todas essas pautas devem ser abordadas de forma respeitosa. Outra coisa a se fazer nesse momento é deixar o colaborador ciente dos próximos passos que serão dados na demissão, como pagamentos, exames, documentação e aviso prévio. 

Orientação profissional

Qual era a situação da carreira do profissional que foi desligado da sua empresa? Você pode avaliar se ele era um colaborador que estava na empresa há bastante tempo, qual cargo ocupava e até mesmo se estava em momento de transição de carreira. Com essas informações, a instituição pode oferecer um serviço de mentoria personalizado para acompanhar o colaborador e auxiliá-lo na definição de seus objetivos.

Os workshops e treinamentos são bem-vindos, e não apenas aqueles voltados às hard skills – podem ser também sobre técnicas de busca de emprego, elaboração de currículo, marketing pessoal e preparação para entrevistas. 

Vagas e contatos

Infelizmente, sabemos que o mercado de trabalho é extremamente competitivo. Para uma mesma vaga, há milhares de candidatos, e nesse cenário é bem difícil se destacar. Por isso, conectar o colaborador a uma rede de empresas parceiras pode facilitar o acesso a novos empregos.

Outra ação que a empresa pode tomar é a elaboração de uma carta de indicação para o colaborador apresentar em outras oportunidades. Assim, fica claro que este é um profissional de confiança.

Saúde psicológica

Ao longo deste texto, falamos algumas vezes que a demissão pode ser um momento muito desafiador para o profissional, principalmente quando o assunto é saúde mental. O apoio psicológico pode aumentar a autoestima e autoconfiança do colaborador, e ajudá-lo a se fortalecer emocionalmente para encarar a recolocação – um processo que exige paciência. 

Uma informação importante sobre plano de saúde: de acordo com o Artigo 30 da lei n.º 9.656/98 (Lei dos Planos de Saúde), um colaborador demitido sem justa causa tem o direito de permanecer no plano de saúde da empresa após o desligamento, caso ele contribuísse com parte do pagamento. O tempo permitido é o equivalente a um terço do tempo em que a pessoa permaneceu na empresa, com limite mínimo de 6 meses e máximo de 2 anos.

Como medir o sucesso do outplacement na empresa?

Para saber se o projeto de recolocação de ex-colaboradores com ajuda da empresa está dando certo, existem algumas métricas que a equipe de gestão de pessoas pode considerar e avaliar. Vamos falar um pouco sobre cada uma delas.

Saiba quais são as métricas mais importantes para saber se o outplacement está funcionando

1 – Tempo médio para recolocação

Essa é uma métrica simples a ser analisada pela gestão de pessoas: quanto tempo após o desligamento, utilizando as técnicas e o apoio do outplacement, o colaborador voltou a ser admitido no mercado de trabalho? Considerando o padrão dos processos seletivos da área em que ele está inserido, como diminuir o tempo médio de recolocação?

2 – Taxa de recolocação

É claro que, em alguns casos, a recolocação pode demorar a acontecer. E também é óbvio que a empresa tem um período limitado de tempo para prestar o suporte e ajudar o colaborador na jornada de retorno ao mercado. Por isso, outro dado importante é a taxa de recolocação – entre os profissionais que tiveram o apoio, quantos conseguiram se recolocar? 

3 – Salário médio na recolocação

Ao sair da empresa, é natural que o ex-colaborador procure por um cargo que tenha um salário igual ou superior ao que recebia antes. Por isso, a empresa pode mapear qual é o salário médio na recolocação do candidato, até mesmo para entender se essas pessoas conseguem retornar ao mercado na mesma posição em que ocupavam anteriormente.

4 – Custo por colaborador no processo

Como você já sabe, o outplacement exige investimento para oferecer uma recolocação de qualidade. O que a empresa pode oferecer para ajudar? 

Você pode, por exemplo, estudar o valor dos cursos, mentorias, apoio psicológico e, claro, o tempo dedicado aos ex-colaboradores para saber o custo médio por pessoa no outplacement. Não se esqueça de planejar tudo antes de forma minuciosa para não ter nenhuma surpresa no caminho, combinado?

5 – Feedback dos colaboradores recolocados

Concluir o processo de outplacement é uma alegria para a empresa e para o profissional, não é mesmo? Por isso, ao finalizar a recolocação, é muito importante colher depoimentos e feedbacks dos colaboradores, utilizando perguntas como: o que mais te ajudou no processo de recolocação? Você sentiu dificuldades durante o processo? Sentiu falta de algum tipo de apoio que a empresa poderia ter dado? 

Dessa forma, para as próximas, você e a sua equipe já sabem o que precisa ser ajustado.

6 – Impacto no clima organizacional

Para as pessoas que continuam trabalhando na sua empresa, o outplacement dos ex-funcionários é um recado que indica que elas não ficarão desamparadas, mesmo em caso de demissão. Como uma empresa conduz um desligamento, incluindo a oferta de um programa como esse, pode impactar diretamente na experiência do colaborador – podendo melhorar o clima organizacional e até mesmo a taxa de rotatividade da equipe. 

O que outplacement tem a ver com employer branding?

Seja qual for a área de atuação do seu colaborador ou o nicho em que a sua empresa está inserida, o outplacement faz parte do que chamamos de employer branding. A experiência de ser uma boa marca empregadora é positiva para possíveis candidatos, para os próprios colaboradores da equipe e até mesmo para quem já saiu. 

Pensando na demissão humanizada, a organização demonstra um cuidado especial com seus profissionais ao oferecer apoio aos colaboradores desligados, o que atrai talentos e fortalece a visão do mercado. 

Por isso, mesmo que estejamos falando de demissão – que, na maioria das vezes, é vista como algo negativo -, o outplacement mostra que esse momento não precisa ser desesperador para o profissional, e que a empresa segue de portas abertas para ajudá-lo no que estiver ao seu alcance.