Saúde mental na adolescência: dicas de cuidado

Muitas coisas acontecem na adolescência, não é mesmo? As mudanças no corpo, os primeiros amores, as reflexões sobre o futuro, a busca da individualidade e da independência… E é claro que, em meio a todas essas novidades, a saúde mental na adolescência não deve ser deixada de lado. 

De acordo com um dado publicado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em todo o mundo, a depressão é uma das principais causas de doenças e incapacidade entre adolescentes.

Além disso, ainda de acordo com o portal da OPAS, “as consequências de não abordar as condições de saúde mental dos adolescentes se estendem à vida adulta, prejudicando a saúde física e mental e limitando futuras oportunidades”. 

Principais transtornos mentais na adolescência

Segundo a revista britânica The Lancet, após a pandemia, houve um aumento de sintomas depressivos e ansiosos nessa faixa etária (12 a 18 anos). Mas quais são as doenças mais comuns e como identificá-las?

Depressão

A depressão é uma doença psiquiátrica que pode ter grau leve, moderado ou grave. Ela pode surgir na adolescência e existem alguns sintomas mais comuns, como tristeza profunda, falta de motivação, distúrbios de sono, inquietação ou irritabilidade, entre outros. 

Entre os mais jovens, a queda no rendimento escolar também pode ser um alerta. É preciso diagnosticar e tratar a depressão rapidamente, já que o suicídio – que pode ser uma consequência do agravamento dos casos – está entre as principais causas de morte entre jovens de 15 a 19 anos. 

Ansiedade

Segundo uma pesquisa desenvolvida pelo professor Fernando Asbahr, da Faculdade de Medicina da USP, cerca de 10% das crianças e dos adolescentes já sofrem de ansiedade. 

Na maioria dos casos, os jovens sentem dificuldade para prestar atenção nas aulas da escola, preocupações em excesso, inquietação emocional, desconforto em situações sociais, entre outros. 

Transtornos alimentares

Problemas de saúde mental na adolescência podem ser multifatoriais. No caso dos transtornos alimentares, as redes sociais podem afetar a autoestima e incentivar a busca pelo corpo perfeito irreal. 

Os sintomas podem ser perda de peso repentina, restrições autoimpostas, isolamento social e, no caso da compulsão, ingestão de muitos alimentos em um curto período de tempo.

TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode afetar a rotina dos adolescentes, prejudicar o rendimento escolar e até mesmo tarefas simples do dia a dia. 

Essa doença causa dificuldade de organização e atenção a detalhes e tarefas, distração durante conversas simples, impulsividade e inquietude. 

O diagnóstico dessas doenças é essencial e o tratamento deve ser feito com acompanhamento profissional de médicos psiquiatras, psicólogos, nutricionistas, profissionais de educação física e, claro, com o apoio dos pais, amigos e pessoas ao redor. 

Como cuidar da saúde mental na adolescência?

Existem diversas formas de cuidar da saúde mental na adolescência, que envolvem a individualidade de cada pessoa e também os círculos sociais onde os jovens estão inseridos, como família, escola, amigos, clubes e a comunidade em geral.

Reunimos aqui alguns hábitos positivos que podem ajudar a cuidar da mente nessa etapa da vida!

Dormir bem

Dormir bem vai muito além do descanso para enfrentar o dia seguinte. Ter uma boa rotina de sono fortalece o sistema imunológico, beneficia o raciocínio e a memória, melhora o humor e até ajuda a regular os hormônios que controlam o apetite.

Para a saúde mental, o sono é indispensável. Por isso, uma ideia é combinar com os adolescentes um horário para desligar o celular, apagar as luzes e se preparar para dormir – se possível, evitar a luz azul. Nessa faixa etária, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que o sono dure entre oito e dez horas ininterruptas. 

Ter hobbies

Um hobby é uma atividade prazerosa praticada por alguém, que pode servir de passatempo ou distração, por exemplo. Incentivar que adolescentes e jovens encontrem hobbies que gostem também é uma forma de cuidado com a saúde mental. 

Cantar, tocar instrumentos musicais, desenhar, fotografar ou praticar outras atividades que incentivem a expressão dos sentimentos são muito bem-vindas.

Estabelecer comunicação e diálogo

Nessa fase da vida, é muito comum que existam barreiras de comunicação entre pais e filhos, que podem afetar o relacionamento e a confiança de ambas as partes. 

Por isso, é muito importante que pais e filhos estabeleçam um diálogo aberto e franco, sem julgamentos ou reações violentas. A escuta e o acolhimento também fazem parte do cuidado com a saúde mental, tanto na adolescência quanto na vida adulta.

Limitar o uso de redes sociais

As redes sociais são uma febre entre adolescentes, e isso não vai mudar tão cedo. No entanto, o uso desenfreado pode levar ao desenvolvimento de transtornos e doenças mentais, e sintomas como baixa autoestima, luta por aceitação, noites mal dormidas, isolamento social e cyberbullying são o retrato dessa falta de limites. 

Por isso, o ideal é que os pais limitem o horário de utilização do celular e as páginas que podem ou não ser acessadas pelos jovens. 

Praticar exercícios físicos

Comprovadamente, a atividade física está intimamente associada à saúde mental, e com os adolescentes não é diferente. Ter uma rotina saudável com exercícios pode prevenir doenças como estresse, depressão, ansiedade e diabetes, além de aumentar a força e a resistência, construindo ossos e músculos mais saudáveis.

Ah, e isso deve começar ainda na infância! Um estudo publicado no The Lancet Journal of Psychiatry (Reino Unido) relaciona a prática de exercícios físicos na infância a uma melhor saúde mental na adolescência. Ou seja, a saúde mental é construída nas várias etapas da vida.

Mas a dúvida é: quais exercícios praticar? Nós preparamos uma lista de modalidades especiais para os adolescentes. Confira!

Natação

A natação é um esporte completo. Ajuda a aumentar a resistência física, a capacidade pulmonar, a circulação e oxigenação do cérebro e o fortalecimento do sistema imunológico. Além disso, por ser um exercício aeróbico, gera a sensação de prazer e bem-estar. 

E por seu alto gasto calórico, melhora também a qualidade do sono que já comentamos ser muito importante para a saúde mental. 

Corrida

Praticar corrida é muito positivo para o sistema cardiovascular e respiratório. Apesar de existirem provas e competições de corrida para os jovens, não é indicado incentivar a competitividade nessa fase. O ideal é que a atividade seja praticada por prazer.

Treinos de até 20 minutos são suficientes para os adolescentes, de duas a três vezes por semana. O ideal é aliar a corrida a outras atividades esportivas. 

Esportes coletivos

A adolescência é uma fase de descobrimento social. Por isso também é super importante incentivar os hábitos que envolvem o contato com outras pessoas. Para além do exercício, surgem até novas amizades!

Esportes como futebol, vôlei, basquete, handebol e outros podem ajudar no desenvolvimento da coordenação motora, aprimorar as habilidades cognitivas e trabalhar pontos de coordenação, equilíbrio, força e competitividade. 

Artes marciais e lutas

Além das noções de defesa pessoal, as artes marciais e lutas podem auxiliar no cuidado com a saúde mental dos adolescentes por estimular a disciplina, a coordenação motora, a força, o condicionamento físico, a flexibilidade e muito mais.

Musculação

Muitas pessoas acreditam que a musculação não pode ser praticada na adolescência, mas isso não é verdade – ela é uma ótima opção para encaixar na rotina e melhorar a qualidade de vida. 

Os pais e jovens devem apenas se atentar mais às lesões que os exercícios podem causar. Por isso não é indicado o uso de cargas muito altas ou séries muito complexas.