Mobilidade urbana: por que é tão relevante para o RH?
“Espera mais um pouco para ir embora…” ou “Eu não saio de casa em horário de pico”… O quanto a mobilidade urbana nas grandes cidades impacta a nossa organização? O trabalho, parte essencial de nossa rotina, é muitas vezes atravessado pelas complexidades de algo que deveria ser muito simples, como o deslocamento entre casa e escritório.
É por isso que a mobilidade urbana não é só uma pauta fundamental da administração pública – as empresas também são responsáveis por grande parte desse tráfego urbano. Assim, é importante entender como isso afeta os colaboradores e o que pode ser feito para amenizar a situação.
Confira:
- O que é mobilidade urbana e qual a diferença da mobilidade corporativa?
- Qual o cenário atual da mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras?
- Quais são os impactos da mobilidade urbana na qualidade de vida e na produtividade dos colaboradores?
- Quais são os custos da má mobilidade urbana para o negócio?
- Quais são as principais estratégias que as empresas podem adotar para melhorar a mobilidade?
O que é mobilidade urbana e qual a diferença da mobilidade corporativa?

A mobilidade urbana refere-se à complexa questão de como as pessoas se deslocam nas cidades. Envolve uma teia de elementos, incluindo transportes públicos (ônibus, metrô, trens) e privados (carros, motos, bicicletas), a infraestrutura viária (ruas, avenidas, pontes, ciclovias) e o acesso a esses meios de locomoção.
Já a mobilidade corporativa é um conceito mais específico, focado nos deslocamentos que ocorrem por motivos de trabalho, incluindo o trajeto casa-empresa, eventos e reuniões ou viagens corporativas. A diferença crucial é que a responsabilidade da mobilidade corporativa é das empresas, uma vez que são elas as motivadoras dos deslocamentos.
Qual o cenário atual da mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras?
A mobilidade urbana representa um desafio crescente, não apenas para os cidadãos das grandes metrópoles brasileiras, mas também para a administração pública. Frequentemente, a questão é associada ao aumento do estresse, à ineficiência econômica e a um significativo impacto ambiental.
Aqui estão os principais pontos que definem o cenário atual, com base nas análises de mobilidade:
- Aumento constante do congestionamento, por conta do crescimento da frota de veículos;
- Impacto na qualidade de vida, com perda de tempo, estresse, esgotamento e risco de assaltos;
- Poluição ambiental e sonora, afinal, mais veículos significa também maior emissão de gases poluentes e de ruídos.
Quais são os impactos da mobilidade urbana na qualidade de vida e na produtividade dos colaboradores?

O congestionamento urbano afeta a qualidade de vida e a produtividade dos colaboradores, impactando diretamente a saúde, o bem-estar e o desempenho das empresas. Tais impactos estão divididos em duas categorias principais: o desgaste pessoal (qualidade de vida) e as consequências para o desempenho e o capital humano (produtividade e organização).
Qualidade de vida
Congestionamentos geram ineficiência e estresse, com pessoas perdendo tempo e dinheiro. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) sobre São Paulo revelou que, em 2023, 36% das pessoas passam mais de 1 hora diária no transporte, sacrificando lazer, descanso e família.
Dados da pesquisa revelam também que o tempo de deslocamento afeta a qualidade de vida de 55% das pessoas e que 51% delas têm a produtividade impactada pelo tempo perdido no trânsito.
Produtividade e organização
De acordo com a mesma pesquisa da CNI, mais de 60% das pessoas já chegaram atrasadas e/ou estressadas por conta de uma má mobilidade urbana. Ainda, 34% perderam um período de trabalho, enquanto 23% já perderam um dia inteiro por conta disso.
Atualmente, 37% das pessoas considerariam mudar de empresa ou emprego, mesmo com remuneração semelhante, apenas para reduzir o tempo gasto no transporte. Isso demonstra que a mobilidade urbana afeta significativamente o engajamento, a produtividade, o bem-estar e a retenção de talentos, resultando em perdas econômicas e financeiras para as empresas.
Quais são os custos da má mobilidade urbana para o negócio?
A ineficiência da mobilidade urbana (ou corporativa) acarreta custos elevados para as empresas, abrangendo aspectos financeiros, operacionais, de capital humano e estratégicos. A omissão do RH nesse cenário prejudica os resultados e a capacidade de atrair talentos.
- Gastos desnecessários elevados com vale-transporte, reembolsos, aplicativos, estacionamento, frotas e fretados.
- Baixa produtividade e aumento do estresse crônico;
- Alta Rotatividade e absenteísmo;
- Piora do organizacional, motivação e desempenho;
- Empresas em locais de difícil acesso têm dificuldade em atrair e reter profissionais;
- Deslocamentos excessivos contribuem para a insatisfação dos colaboradores, impactando negativamente a marca empregadora.
- No Brasil, o transporte é uma das principais fontes de gases de efeito estufa (GEE), como o CO², contribuindo significativamente para o impacto ambiental e, consequentemente, afetando as questões de ESG das empresas.
Quais são as principais estratégias que as empresas podem adotar para melhorar a mobilidade?

Como dissemos anteriormente, as empresas movimentam grande parte do tráfego urbano nas grandes cidades, e inclusive são responsáveis pela mudança de muitas outras pessoas de cidades menores no interior. Por conta disso, é crucial que elas entendam que também têm um papel a cumprir nesta pauta.
Abaixo, trouxemos algumas estratégias que você, RH, pode sugerir para contribuir com essa questão:
Implementar horários flexíveis
A carga horária de trabalho fixa (geralmente das 9h às 18h) é o que contribui majoritariamente para a existência dos horários de pico na cidade. Flexibilizar o horário, permitindo que os funcionários escolham o horário de entrada e de saída (desde que cumpram a carga horária mínima), ajuda a evitar os períodos de maior congestionamento, que são extremamente estressantes.
Adotar outros modelos de trabalho
A adoção de modelos de trabalho híbridos ou totalmente remotos para funções que podem ser gerenciadas à distância oferece maior flexibilidade aos colaboradores. Isso permite que eles utilizem o tempo que seria gasto no deslocamento para o escritório de forma mais produtiva, ao mesmo tempo em que reduz o fluxo diário de pessoas no trânsito. Além disso, essa prática promove um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e estimula o desenvolvimento econômico de áreas menos centrais.
Incentivar transportes alternativos
A empresa deve promover modos que reduzam a dependência do carro particular, diminuindo o estresse e o impacto ambiental, por meio de políticas de incentivo. O transporte coletivo (metrô, trem, ônibus) é destacado como a principal ação para a redução de congestionamentos tanto no curto quanto no longo prazo, segundo a percepção dos usuários. Bicicletas e caronas compartilhadas podem ser incentivadas nesse quesito
Descentralização dos locais de trabalho
A criação de escritórios satélites, coworkings de bairro e unidades em regiões periféricas é uma grande tendência global. Isso permite que os colaboradores trabalhem mais perto de casa e não precisem ir até um centro em regiões metropolitanas grandes, como São Paulo.
E você, já tinha parado para pensar sobre a importância da mobilidade urbana para o ambiente corporativo?
Continue aprendendo, agora sobre: Escala 6×1, o que é e como funciona.