Escala 6×1: saiba o que é e como funciona!
Nos últimos tempos, os modelos de jornada de trabalho têm ganhado bastante destaque por conta de embates acalorados. No centro dessa discussão está a escala 6×1, modelo popularmente adotado no Brasil por uma série de setores, especialmente comércio e serviços essenciais.
Com toda a questão em foco, é essencial compreender melhor no que consiste a escala 6×1, como ela funciona e quais seus impactos. Afinal, é um tema que ainda gera bastante dúvidas entre colaboradores, gestores e RHs.
Vamos nessa?
- O que é a escala 6×1?
- Como funciona a escala 6×1?
- Quais são os outros modelos além da escala 6×1?
- Quais são os impactos da escala 6×1?
- A escala 6×1 vai acabar? Entenda a PEC
Boa Leitura!
O que é a escala 6×1?

Assim como o próprio nome prevê, a escala 6×1 é um modelo de organização de jornada de trabalho na qual a pessoa colaboradora trabalha seis dias consecutivos na semana, folgando o sétimo.
Em setores de atendimento ao cliente e comércio, é comum que a folga seja no domingo. No entanto, essa também não é uma regra. O dia de folga semanal pode ser fixo, como neste caso, ou variável, a depender do acordo feito com a empresa. Esse último é mais comum em serviços essenciais, em que o trabalho é ininterrupto.
Como funciona a escala 6×1?
Para entender melhor a existência e o funcionamento da escala 6×1, vamos entender primeiramente o que a Consolidação das Leis do Trabalho – a famosíssima CLT – tem a nos contar sobre a legislação brasileira.
Para melhor contexto, a CLT é um conjunto de leis que definem as diretrizes do direito do trabalho, imputando deveres, obrigações e direitos a empregadores e empregados. Essa lei, criada em 1943, é o que determina até agora o funcionamento de toda relação laboral.
Tanto essa lei quanto a nossa Constituição Federal estabelecem que a jornada de trabalho não pode exceder 44 horas semanais. Igualmente, há a garantia de “repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos”.
Ainda, há a possibilidade de estender em até duas horas a jornada diária de trabalho. No entanto, essas horas adicionais são consideradas horas extras e devem ser remuneradas com acréscimo de, no mínimo, 50%. A mesma coisa ocorre com feriados, que deve ser compensado com pagamento adicional ou folgas.
Quais são os outros modelos além da escala 6×1?

Apesar da escala 6×1 ser bastante comum no Brasil, outras escalas também acontecem, a depender dos setores nos quais atuam. Vamos conhecê-las:
Escala 5×2
Outra escala muito conhecida é bastante adotada em empregos corporativos que não dependem necessariamente de serviços contínuos. Nesse modelo, a pessoa colaboradora trabalha cinco dias por semana, folgando dois consecutivos. Normalmente, o trabalho se concentra de segunda a sexta-feira, com folga aos sábados e domingos.
Escala 5×1
Nesta escala, também há duas folgas semanais, mas não necessariamente elas são consecutivas. Logo, a pessoa colaboradora trabalha por cinco dias seguidos e folga um dia. Portanto, as folgas acabam caindo em dias aleatórios da semana, alternando-se conforme a escala do empregador.
Escala 12×36
Escala muito adotada em hospitais e serviços essenciais, prevê que o colaborador trabalhará por 12 horas consecutivas, folgando as próximas 36 horas.
Escala 4×3
Na escala 4×3, os colaboradores trabalham quatro dias na semana, folgando três dias consecutivamente. Esse modelo, apesar de ainda não ser amplamente aplicado no Brasil, já está tendo sua implementação estudada em outros países.
O principal destes é a Islândia, que desde 2015 conduz experimentos com essa escala, sem alteração salarial. Os cidadãos belgas também puderam optar, em 2022, por comprimir as 38 horas semanais em quatro dias de trabalho. A Holanda, que não conta com legislação para regulamentar as horas, deixa a critério dos trabalhadores e empregadores tal organização, o que resulta em uma média de 29 horas por semana.
Os resultados, na maioria das vezes, são idênticos: maior qualidade de vida, bem-estar e, surpreendentemente, aumento da produtividade.
Quais são os impactos da escala 6×1?

A escolha da escala 6×1 tem diversos impactos a serem observados. À primeira vista, o impacto pode parecer positivo para empregadores e empresas, uma vez que é possível operar por mais tempo com uma equipe reduzida, já que há a disponibilidade constante dos colaboradores. Porém, uma única folga na semana também pode acarretar esgotamento mental, o que reduz a produtividade e prejudica ações como reter e atrair talentos.
Outro impacto para os empregadores é na segurança do trabalho. De acordo com pesquisas, há uma relação direta entre o excesso de trabalho e a ocorrência de acidentes no trabalho. Quando o assunto é saúde mental, a questão também é preocupante: em 2024, o Brasil alcançou o maior número de afastamentos por ansiedade, depressão e Burnout em 10 anos, superando a marca dos 470 mil. Esse número é 68% maior que em 2023.
Logo, é comum que o modelo divida opiniões entre os colaboradores. Segundo o Datafolha, 64% dos trabalhadores no Brasil defendem que esse modelo seja deixado de lado.
A escala 6×1 vai acabar? Entenda a PEC
Em maio de 2024, a deputada Erika Hilton apresentou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que sugere a redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, o que corresponde a 4 dias na semana, sem redução salarial. A principal proposta da PEC é extinguir a escala 6×1.
Parte da argumentação para aprovação da PEC está centrada na qualidade de vida dos trabalhadores, assim como na geração de mais empregos e no aumento da produtividade, baseada nos experimentos realizados em outros países e nas mudanças das relações de trabalho da atualidade.
Então, a escala 6×1 vai acabar? Quando?
Por mais que a proposta tenha recebido amplo apoio da população e por parte dos deputados da Câmara, ainda há um longo caminho até sua aprovação e implementação. Logo, por ora, a escala 6×1 permanece vigente na legislação brasileira. Gostou de ler sobre o assunto? Então, não pare agora! Saiba mais sobre o que é a Convenção Coletiva no Trabalho!