Advertência verbal: o que é e como aplicar
Todo mundo erra, e no ambiente de trabalho, não é diferente. Às vezes, um atraso fora do comum, uma postura inadequada ou uma falha na comunicação podem exigir um “puxão de orelha” (daqueles construtivos, claro). É aí que entra a advertência verbal, uma ferramenta simples para ajustar rotas sem gerar atrito.
Mais do que uma medida disciplinar, essa é uma forma de diálogo, um convite para o colaborador repensar atitudes e crescer profissionalmente. Quando bem aplicada, ela fortalece a relação entre líder e equipe, contribui para um clima organizacional saudável e ainda evita que pequenas falhas se tornem grandes problemas.
Quer entender como transformar esse momento delicado em uma conversa produtiva dentro da sua empresa? Então, siga a leitura e descubra como deve ser aplicada a advertência verbal de forma estratégica e eficaz.
- O que é e como funciona uma advertência verbal?
- Qual é o seu papel na empresa?
- Como aplicar uma advertência verbal da forma certa?
- Qual é a sua relação com a CLT?
- Como conduzir uma advertência verbal, na prática?
- Dicas e boas práticas para tornar a advertência verbal mais eficaz
O que é e como funciona uma advertência verbal?

Antes de tudo, vale lembrar: a advertência verbal não é sinônimo de bronca e muito menos de punição. Ela é, na verdade, uma forma de feedback corretivo, usada para alinhar comportamentos e fortalecer a cultura organizacional.
Na prática, trata-se de uma conversa entre o líder e o colaborador para sinalizar que algo saiu do esperado, seja um atraso recorrente, uma conduta inadequada ou o descumprimento de alguma regra interna.
Qual é o seu papel na empresa?
Essa advertência no trabalho costuma ser o primeiro degrau dentro das medidas disciplinares da empresa. Seu papel é educar e conscientizar, nunca punir. Ela serve como um alerta sobre comportamentos que precisam ser revistos e ajuda o colaborador a compreender o impacto de suas ações.
Além disso, esse tipo de abordagem é especialmente indicado para faltas leves, ou quando o colaborador está enfrentando seu primeiro deslize. É uma forma de dizer: “Ei, isso não está conforme o que esperamos, mas estamos aqui para alinhar e seguir juntos.”
Como aplicar uma advertência verbal da forma certa?

Apesar de parecer simples, a advertência verbal exige cuidado. Ela deve ser feita em um local reservado e tranquilo, garantindo privacidade e respeito.
O tom da conversa precisa ser claro, direto e empático: nada de julgamentos pessoais ou tom acusatório. O foco deve estar no comportamento, e não na pessoa.
Embora a advertência seja verbal, é importante que o RH registre internamente o ocorrido, apenas para fins de acompanhamento. Esse registro não mancha o histórico do colaborador, mas ajuda o gestor a manter um controle justo sobre eventuais reincidências.
Outro detalhe essencial: não há assinatura do colaborador nesse tipo de advertência, pois o simples ato de assinar já transformaria o processo em uma advertência por escrito.
Qual é a sua relação com a CLT?
Mesmo que a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) não mencione diretamente a advertência verbal, ela é amplamente aceita nas relações trabalhistas brasileiras. Isso porque faz parte da escala progressiva de medidas disciplinares, que normalmente segue esta ordem:

Ou seja: a advertência verbal funciona como um sinal amarelo, antes que seja preciso acionar medidas mais severas.
Como conduzir uma advertência verbal, na prática?
Aplicar uma advertência verbal é transformar o momento em uma oportunidade de aprendizado e alinhamento. Para ajudar, reunimos um passo a passo claro, que facilita a condução dessa conversa sem gerar constrangimentos e que ainda promove o crescimento do colaborador.
1. Preparação e levantamento dos fatos
Antes de qualquer conversa, é essencial que o responsável esteja bem informado sobre a situação:
- Levantamento preciso: conheça todos os detalhes da infração, para que o feedback seja baseado em fatos claros;
- Transparência: tenha clareza sobre os motivos da advertência;
- Agilidade: aborde o assunto o quanto antes, para que a correção seja efetiva;
- Proporcionalidade: avalie se a falta exige apenas a advertência verbal ou se uma medida mais severa é necessária.
2. Escolha do ambiente e aplicador
O local e quem conduz a advertência são determinantes para que a conversa seja construtiva:
- Defina quem vai aplicar: pode ser o RH, o Departamento de Pessoal ou o líder direto do colaborador;
- Privacidade: escolha um ambiente tranquilo e reservado;
- Evite constrangimentos: jamais realize a advertência na frente de colegas. O respeito ao colaborador é prioridade.
3. Condução da conversa (o feedback)
Na hora de falar, a abordagem deve ser o principal ponto de atenção:
- Mantenha profissionalismo: fale de maneira calma, respeitosa e amigável;
- Foque no comportamento: seja específico sobre o que precisa ser corrigido, evitando julgamentos pessoais;
- Objetividade: use linguagem direta e clara;
- Propósito educativo: deixe explícito que o objetivo é educar, não punir;
- Escute o colaborador: permita que ele apresente sua versão ou esclareça dúvidas.
4. Estabelecimento de expectativas e conclusão
Finalize a conversa com orientações claras:
- Expectativas futuras: explique como o colaborador pode evitar situações semelhantes;
- Suporte e desenvolvimento: ofereça apoio, treinamento ou recursos que facilitem a melhoria.
5. Documentação interna e acompanhamento
Mesmo sendo verbal, o registro é importante para acompanhar o progresso:
- Registro interno: documente o ocorrido de forma objetiva, sem necessidade de assinatura;
- Tratamento pós-advertência: continue tratando o colaborador normalmente e demonstre abertura para ajudá-lo;
- Acompanhamento: monitore a evolução e, se necessário, repita o feedback ou aplique medidas graduais em caso de reincidência.
Seguindo esses passos, a advertência verbal deixa de ser um momento desconfortável e se transforma em uma ferramenta de crescimento e alinhamento, beneficiando tanto o colaborador quanto a empresa.
Dicas e boas práticas para tornar a advertência verbal mais eficaz
Algumas boas práticas ajudam a transformar a advertência em aprendizado e crescimento para o colaborador, sem gerar desgaste desnecessário.
1. Avalie a situação
Aja rapidamente e não deixe a advertência para depois; quanto mais próximo do fato, mais eficaz será a correção.
2. Foque na comunicação clara e objetiva
Comunique especificamente qual ação precisa ser corrigida, evitando críticas à personalidade e seja sempre transparente. Certifique-se de que o colaborador entendeu a mensagem e saiba como agir diferente no futuro.
3. Estimule o diálogo
Não se prenda apenas ao erro cometido; oriente sobre como evitar situações semelhantes e quais são as expectativas da empresa.
4. Boas práticas de prevenção
- Construa uma cultura forte: invista em valores claros, transparência e cooperação entre a equipe;
- Treine para feedbacks assertivos: capacite colaboradores e líderes para dar retornos de forma respeitosa e construtiva;
- Promova diálogo horizontal: incentive a comunicação aberta e amigável entre colegas;
- Entenda o contexto do colaborador: investigue motivos de faltas ou atrasos recorrentes para agir de forma preventiva e reduzir conflitos futuros.
Seguindo essas práticas, a advertência verbal deixa de ser apenas um alerta e se torna uma ferramenta estratégica de desenvolvimento, fortalecendo tanto o colaborador quanto a cultura da empresa.