Transtorno de Estresse Pós-Traumático: o que é e como tratar
Quando falamos sobre saúde mental no ambiente de trabalho, é comum pensar em ansiedade, estresse ou burnout. Mas existe outra condição que, apesar de menos comentada, também pode impactar a rotina das pessoas: o Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
Ele é um transtorno que surge após vivências extremas e marcantes, como acidentes, agressões, desastres ou até situações de violência presenciadas indiretamente, e pode afetar profundamente o comportamento, as emoções e o desempenho no dia a dia.
Além disso, vai muito além de um susto ou de um “momento difícil”. Ele representa uma resposta intensa e duradoura a experiências que geram medo, desamparo ou horror. Vamos descobrir mais sobre ele nesse artigo.
- O que é Estresse Pós-Traumático?
- Quais são as causas do Estresse Pós-Traumático?
- E quais são os seus sintomas?
- Qual é o tratamento para o estresse pós-traumático?
O que é Transtorno de Estresse Pós-Traumático?

Muita gente imagina que ele só acontece com quem passou por traumas de guerra ou tragédias naturais, mas a verdade é que o TEPT pode ser desencadeado por diversas situações, inclusive aquelas vividas no ambiente social ou familiar.
Em alguns casos, até profissionais de apoio, como socorristas ou membros do RH, podem ser afetados por lidarem com histórias traumáticas de terceiros.
Segundo dados do Journal of Psychiatric Research, na Região Metropolitana de São Paulo, 1,6% da população conviveu com o estresse pós-traumático nos últimos 12 meses, e 3,2% já vivenciaram o transtorno em algum momento da vida.
Isso mostra que o TEPT é mais comum do que parece, e que pode estar presente em qualquer lugar, inclusive na empresa. A boa notícia? Quanto mais falamos sobre isso, mais pessoas conseguem entender o que estão sentindo e buscar ajuda.
Quais são as causas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático?
Nem sempre é fácil entender por que certas situações afetam algumas pessoas de forma tão profunda e, em outras, não deixam cicatrizes aparentes. Quando falamos de estresse pós-traumático, é importante lembrar que cada pessoa tem uma história, uma bagagem emocional e uma forma única de lidar com o que vive.
Isso significa que duas pessoas podem passar pelo mesmo trauma, como um acidente ou uma situação de violência, e reagirem de maneiras completamente diferentes.
A ciência ainda não tem todas as respostas sobre por que isso acontece. Alguns desenvolvem o TEPT logo após o evento, outros só manifestam os sintomas meses depois.
Há também quem conviva com situações traumáticas repetidamente por anos e só vá sentir os efeitos mais tarde. O que se sabe é que fatores como histórico emocional, suporte social e até questões genéticas podem influenciar nesse processo.
E quais são os seus sintomas?

O estresse pós-traumático pode se manifestar de formas diferentes, mas costuma seguir um padrão de sintomas que se encaixam em quatro grandes grupos. Vamos detalhá-los:
Lembranças invasivas
O primeiro é o das lembranças invasivas: memórias que aparecem do nada, pesadelos recorrentes ou até flashbacks intensos, como se a pessoa estivesse revivendo tudo de novo.
Esses episódios não são só desconfortáveis: eles podem ser assustadores e afetar diretamente o foco e a produtividade, inclusive no ambiente de trabalho.
Esquiva
Outro sintoma comum é a esquiva. A pessoa passa a evitar tudo o que possa lembrar o trauma: lugares, pessoas, conversas ou até situações cotidianas. E não é questão de não querer enfrentar o problema: o cérebro realmente entra em modo de autoproteção.
Imagine alguém que sofreu um assalto e agora evita passar pela mesma rua ou até assistir a filmes com cenas parecidas. Esse comportamento pode interferir nas relações pessoais e profissionais, inclusive em atividades simples como reuniões ou eventos corporativos.
Mudança de humor
O TEPT também costuma impactar o humor e o jeito de pensar. A pessoa pode se sentir constantemente triste, irritada, desconectada das outras pessoas ou até culpada pelo que aconteceu, mesmo que não tenha tido culpa alguma.
Isso afeta o bem-estar emocional e pode gerar um afastamento silencioso do time, queda na motivação ou até isolamento social dentro da empresa. São sinais que, muitas vezes, passam despercebidos se a cultura da escuta não estiver presente.
Estado de alerta
Por fim, é comum haver alterações no estado de alerta. Quem vive com estresse pós-traumático pode estar sempre em “modo de sobrevivência”, como se algo ruim fosse acontecer a qualquer momento. Isso pode se refletir em dificuldade de concentração, sustos frequentes, insônia e até explosões de raiva.
Para quem está de fora, pode parecer exagero, mas, para quem vive com o transtorno, é uma tentativa constante (e exaustiva) de se proteger.
Qual é o tratamento para o Transtorno de Estresse Pós-Traumático?
Buscar tratamento para o estresse pós-traumático é um passo importante e, muitas vezes, libertador. O processo envolve diferentes caminhos, e cada pessoa pode responder melhor a uma combinação de cuidados.
Um dos pilares do tratamento são os cuidados pessoais, como manter uma rotina saudável de sono, alimentação e movimento. Pode parecer básico, mas praticar atividades como caminhada, alongamento ou até desenhar e rir de um bom filme ajuda a reequilibrar emoções e a reconectar a pessoa com a vida fora do trauma.
Além disso, a psicoterapia é considerada o tratamento mais eficaz para o TEPT, especialmente quando foca no trauma vivido. A terapia cognitivo-comportamental e a chamada terapia de exposição guiada são estratégias bastante utilizadas.
Nesse processo, a pessoa, com o apoio de um profissional qualificado, aprende a entender o que sente, a identificar gatilhos e a desenvolver formas mais saudáveis de lidar com eles. O mais importante? Sentir-se acolhido, respeitado e seguro para avançar no próprio tempo.
Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser indicado, principalmente quando o TEPT vem acompanhado de outras condições, como depressão, insônia ou crises de ansiedade.
Antidepressivos e estabilizadores de humor podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Mas é essencial lembrar: só um profissional de saúde pode avaliar a necessidade de prescrição e acompanhar esse processo.
Por fim, vale dizer que o tratamento do TEPT não se resume a técnicas ou remédios. O apoio da rede ao redor (amigos, família, colegas de trabalho e o próprio RH, no caso da empresa) faz toda a diferença.
Incentivar o cuidado com a saúde mental, oferecer acesso a terapias e promover um ambiente mais humano e acolhedor é parte do compromisso de empresas que se preocupam, de verdade, com o bem-estar das pessoas.