Logo do seu blog
Bem-estar Tipos de vício: conheça os 19 principais
Bem-estar

Tipos de vício: conheça os 19 principais

Foto do autor Escrito por: Lucas Custódio 25 de dezembro de 2025

O vício é uma condição complexa, influenciada pela forma como o nosso cérebro reage a estímulos e também pelos ambientes em que vivemos. Por isso, não deve ser entendido como uma escolha moral, mas como uma questão de saúde pública que afeta milhões de pessoas.

Para entender melhor esse cenário, reunimos os principais tipos de vício, tanto os que envolvem substâncias quanto os comportamentais, além dos impactos e possibilidades de cuidado que fazem parte dessa realidade.

Continue com a gente para saber mais:

O que caracteriza um vício?

Mulher lutando contra um tipo de vício
São vários os tipos de vício e nem sempre é fácil rastrear como e por que ele surgiu 

Frequentemente utilizamos como figura de linguagem a expressão “eu estou viciado(a) nisso!” para indicar uma nova paixão ou obsessão. Porém, na realidade, o vício vai além de algo que está sob nosso controle. 

De forma científica, um vício surge quando o sistema de recompensa do cérebro passa a reagir de forma intensa a um estímulo, liberando dopamina e criando uma sensação de prazer que o organismo tenta repetir. Com o tempo, essa resposta se modifica e a pessoa precisa de doses maiores daquele mesmo estímulo para sentir um efeito semelhante. É nesse ciclo de busca, repetição e perda gradual de controle que o vício se estabelece.

Esse processo não acontece por um único motivo. Fatores genéticos, experiências de vida, ambiente social e condições emocionais influenciam a vulnerabilidade de cada pessoa. Quando esses elementos se combinam, podem levar à compulsão, ao uso persistente mesmo diante de prejuízos e à dificuldade de interromper o comportamento. 

Por isso, entender o vício passa por compreender o cérebro, mas também o contexto em que cada pessoa vive.

Quais são os principais tipos de vício e como eles se manifestam?

Os tipos de vício costumam ser divididos em duas grandes categorias: aqueles ligados ao uso de substâncias e os que envolvem comportamentos repetitivos. Ambos podem gerar prejuízos relevantes e seguem padrões semelhantes de compulsão, perda de controle e dificuldade de interromper o ciclo.

Vícios de substância

Mulher sob o vício de substância
Também conhecido como químico, esse tipo de vício é proveniente do abuso do uso de alguma substância, como álcool e cigarro

Nos vícios de substância, o organismo cria uma resposta física e psicológica ao uso. Com o tempo, surgem tolerância, sintomas de abstinência e uma busca crescente pelo estímulo, mesmo quando ele já traz impactos negativos.

Álcool

Entre os tipos de vício mais comuns, o álcool se destaca pelo fácil acesso e pela normalização. O consumo excessivo pode prejudicar relações, rotina e saúde, além de ser amplamente presente em diversos contextos culturais. Segundo o Instituto Datafolha, 49% dos brasileiros com 18 anos ou mais costumam consumir bebidas alcoólicas. 

Tabaco/nicotina

A nicotina atua como um estimulante do sistema nervoso central, o que eleva o humor e a frequência cardíaca, causando um desejo intenso e dificuldades de interrupção. Os sintomas da abstinência do tabagismo envolvem  irritabilidade, ansiedade e depressão.

Opioides

Usados como analgésicos, opioides podem levar a uma dependência intensa, já que provocam alívio rápido e exigem doses maiores com o tempo. A tolerância elevada aumenta o risco de uso problemático.

Estimulantes

Estimulantes elevam de forma abrupta os níveis de dopamina, gerando euforia e sensação de energia. Essa resposta intensa pode tornar a pessoa mais vulnerável ao uso compulsivo.

Benzodiazepínicos

Prescritos para ansiedade e insônia, benzodiazepínicos podem gerar dependência quando usados por longos períodos, especialmente acompanhados de álcool. A interrupção costuma exigir acompanhamento profissional.

Cannabis

Embora seja vista como uma substância de menor risco, o uso repetido pode evoluir para padrões compulsivos ou prejudiciais para algumas pessoas, especialmente quando o consumo interfere no cotidiano.

Cafeína

A cafeína, substância comum na rotina da maioria dos brasileiros, pode causar uma leve dependência quando consumida em excesso. A abstinência costuma envolver dor de cabeça, cansaço e irritabilidade, especialmente em quem consome grandes quantidades.

Inalantes, alucinógenos e outras substâncias

Inalantes incluem solventes, colas e tintas que produzem efeitos rápidos, enquanto alucinógenos alteram a percepção e podem desencadear experiências intensas.

Vícios comportamentais

Pessoas sofrendo de alguns tipos de vício
A tecnologia e a internet facilitaram muitos aspectos da vida, mas também podem representar tipos de vícios para quem está vulnerável 

Vícios comportamentais surgem quando uma atividade cotidiana passa a ser usada como fonte constante de recompensa, criando um ciclo de repetição, perda de controle e prejuízos emocionais, sociais ou financeiros. Mesmo sem envolver substâncias, esses comportamentos ativam o sistema de recompensa do cérebro de forma semelhante aos vícios químicos.

Jogos de azar

Entre os vícios comportamentais, os jogos de azar são os únicos oficialmente reconhecidos pelo DSM-5. O ciclo costuma envolver apostas frequentes, busca por recuperar perdas e grande impacto na vida financeira e emocional.

Internet e tecnologia

O uso excessivo de tecnologia pode evoluir para padrões compulsivos, especialmente em um país onde mais de 89,1% da população acima de 10 anos tem acesso à internet. A disponibilidade constante aumenta o risco de uso prolongado e dificuldade de desconectar.

Jogos eletrônicos

O vício em jogos eletrônicos é marcado principalmente pela perda de controle. A pessoa joga por longos períodos, negligencia tarefas e mantém o hábito mesmo percebendo prejuízos.

Compras compulsivas

Caracterizada pelo impulso frequente de comprar, mesmo sem necessidade, a oniomania funciona como válvula emocional e pode levar a endividamento e arrependimento imediato após a compra.

Compulsão alimentar

Aqui, a comida passa a ser uma fonte de alívio emocional, com episódios de ingestão excessiva e sensação de perda de controle. Pode gerar sofrimento significativo e impactar a relação da pessoa com a alimentação.

Redes sociais e busca por validação

Curtidas, notificações e comentários funcionam como pequenos reforços positivos. Quando o uso se torna compulsivo, pode afetar a autoestima, a concentração e as relações presenciais.

Trabalho

O vício em trabalho acontece quando o desempenho profissional ocupa todas as áreas da vida. Mesmo com exaustão ou sinais de desgaste, a pessoa sente necessidade constante de produzir e estar ocupada.

Sexo e pornografia

A busca repetitiva por estímulos sexuais pode gerar perda de controle, interferir em relações pessoais e provocar sofrimento emocional, especialmente quando se torna a principal fonte de alívio ou recompensa.

Exercício e vigorexia

A prática de exercícios é positiva, mas em alguns casos pode se tornar compulsiva, acompanhada de insatisfação persistente com o corpo. A pessoa treina excessivamente, mesmo sentindo dor ou prejuízo na rotina.

Televisão

O consumo prolongado de conteúdos pode se tornar uma forma de evitar responsabilidades ou emoções difíceis. Maratonas constantes podem sinalizar dificuldade de interromper o hábito.

Fofoca

Conversas repetidas sobre a vida alheia podem funcionar como reforço social e emocional. Quando se tornam a principal forma de interação, podem gerar conflitos e prejuízos nas relações.

O que pode levar ao desenvolvimento de um vício?

As causas dos tipos de vício envolvem uma combinação de fatores biológicos, emocionais e sociais. Não existe um único motivo, mas sim um conjunto de influências que podem aumentar a vulnerabilidade de cada pessoa.

  • Fatores genéticos: algumas pessoas podem ter maior predisposição biológica a desenvolver padrões compulsivos;
  • Ambiente e histórico familiar: crescer em ambientes onde o uso de substâncias ou comportamentos compulsivos é comum pode facilitar a repetição desses padrões;
  • Estresse crônico: situações prolongadas de pressão, ansiedade ou sobrecarga podem levar a buscas frequentes por alívio imediato, favorecendo comportamentos repetitivos;
  • Traumas: experiências difíceis podem aumentar a vulnerabilidade emocional e contribuir para a busca de recompensas rápidas.
  • Saúde mental: condições como depressão, ansiedade ou transtornos de humor podem influenciar o desenvolvimento de um vício, já que o cérebro busca formas rápidas de reduzir o desconforto.

Como identificar sinais de alerta de um vício?

Alguns sinais podem indicar que um comportamento está ultrapassando o limite do saudável:

  • Mudanças comportamentais: alterações no humor, irritabilidade, isolamento repentino ou perda de interesse em atividades que antes faziam sentido;
  • Perda de controle: dificuldade de limitar o tempo ou a frequência desse comportamento, mesmo quando há vontade de reduzir;
  • Priorizar o comportamento em detrimento de responsabilidades: quando compromissos importantes, relações pessoais ou o trabalho começam a ser deixados de lado;
  • Impacto emocional e social: sensação recorrente de culpa, ansiedade ou tristeza, além de conflitos com pessoas próximas.

Ao notar qualquer um desses comportamentos em si ou em pessoas próximas, não deixe de buscar apoio profissional.

Quais são os tratamentos e abordagens de cuidado possíveis para os vícios?

Homem tratando tipos de vício
Em caso de reconhecer quaisquer sinais de vício, busque ajuda profissional e conte com sua rede de apoio para se restabelecer 

O cuidado voltado aos vícios é um processo que costuma envolver diferentes frentes, sempre considerando a individualidade de cada pessoa. Entre as possibilidades de apoio estão:

  • Psicoterapia;
  • Acompanhamento médico;
  • Grupos de apoio;
  • Técnicas e estratégias baseadas em evidências científicas;
  • Importância do apoio social e da rede de convivência para suporte emocional.

Por que falar sobre vícios como saúde pública?

Olhar para os vícios sob a perspectiva da saúde pública ajuda a entender como eles afetam não só indivíduos, mas também relações, produtividade e dinâmica social. Quando ampliamos essa abordagem, diminuímos estigmas e abrimos espaço para conversas mais responsáveis, que favorecem o acesso a serviços de cuidado, acolhimento e educação preventiva.

Também é uma forma de valorizar o bem-estar integrado como parte da construção de uma vida mais equilibrada. Ao compreender fatores físicos, emocionais e sociais que influenciam os comportamentos compulsivos, fortalecemos caminhos de prevenção e apoio contínuo.

Continue aprendendo, agora sobre mudança de hábitos, por que é importante e como adotá-la.

alcoolismo bem-estar saúde saúde pública tabagismo Tecnologia Vício