Tabagismo: o que é, causas, doenças e como parar de fumar
O tabagismo é uma das maiores causas de morte evitável no mundo e ainda representa um grave desafio para a saúde pública. Só no Brasil, 477 pessoas morrem todos os dias em decorrência do uso do cigarro, um número que mostra como a dependência da nicotina continua afetando milhões de vidas.
Entenda, a seguir, o que está por trás dessa doença e como é possível vencer a dependência.
- O que é tabagismo e por que ele causa dependência
- Impactos do tabagismo na saúde e na mortalidade
- Doenças causadas pelo tabagismo
- Benefícios de parar de fumar: a recuperação do corpo
- Como parar de fumar: tratamento e apoio disponíveis
O que é tabagismo e por que ele causa dependência

O tabagismo é uma doença crônica reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e classificada como transtorno mental e comportamental relacionado ao uso de substâncias psicoativas.
Essa doença tem origem principalmente na dependência da nicotina, uma droga legalmente produzida e vendida que chega ao cérebro em apenas nove segundos após uma tragada. Ao agir no sistema de recompensa cerebral, a nicotina libera dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e alívio do estresse.
A maioria dos fumantes inicia o consumo ainda na adolescência, fase em que o cérebro é mais vulnerável aos efeitos da substância. Além disso, dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), como cigarros eletrônicos e vapes, também contêm nicotina e foram proibidos pela Anvisa em 2024 devido aos riscos semelhantes ao cigarro tradicional.
Impactos do tabagismo na saúde e na mortalidade
Os efeitos do tabagismo não são somente individuais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de tabaco é responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano no mundo. Destas, cerca de 7 milhões são resultado do uso direto do cigarro e aproximadamente 1,2 milhão ocorrem entre não fumantes expostos ao fumo passivo.
Ainda hoje, 80% dos mais de 1 bilhão de fumantes do planeta vivem em países de baixa e média renda, onde o acesso ao tratamento é mais difícil e a prevenção ainda enfrenta barreiras culturais e econômicas.
No Brasil, os números também impressionam: 23 mortes por hora devido ao uso ativo e outras 7 por dia causadas pelo fumo passivo. Estima-se que 145 mil mortes anuais poderiam ser evitadas com a cessação do hábito. Além disso, pessoas tabagistas vivem, em média, 10 anos a menos do que quem não fuma, e cerca de 10% delas chegam a perder até 20 anos de expectativa de vida.
O impacto econômico também é alarmante. O custo dos danos causados pelo cigarro ao sistema de saúde e à economia brasileira ultrapassou R$ 153,5 bilhões em 2022, enquanto a arrecadação de impostos federais dessa indústria é 17 vezes menor.
O tabagismo, portanto, não afeta apenas o indivíduo, mas toda a sociedade, comprometendo vidas, recursos públicos e a qualidade de vida coletiva.
Quais são as doenças causadas pelo tabagismo?
Estima-se que o tabagismo esteja relacionado a mais de 50 doenças diferentes, afetando praticamente todos os sistemas do corpo. A seguir, conheça as principais doenças relacionadas ao tabagismo e os riscos do tabagismo para a saúde:
1. Câncer
O tabaco é responsável por cerca de 25% de todas as mortes por câncer mundialmente. As substâncias tóxicas presentes na fumaça do cigarro danificam o DNA das células, aumentando o risco de tumores em diferentes órgãos, como:
- Pulmão;
- Boca, garganta e laringe;
- Bexiga e rim;
- Pâncreas e fígado;
- Colo do útero e estômago.
2. Doenças cardiovasculares
O tabagismo reduz a oxigenação do sangue e favorece o acúmulo de placas nas artérias, aumentando significativamente o risco de:
- Infarto do miocárdio;
- Acidente vascular cerebral (AVC);
- Hipertensão arterial;
- Doença arterial periférica;
3. Doenças respiratórias
O cigarro danifica as vias aéreas e os alvéolos pulmonares, levando a condições crônicas e debilitantes, como:
- Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que inclui bronquite crônica e enfisema pulmonar;
- Asma agravada pelo fumo;
- Infecções respiratórias recorrentes.
4. Outras complicações
Os efeitos do tabagismo vão além do sistema respiratório e cardiovascular. Entre outras condições associadas, destacam-se:
- Infertilidade masculina e feminina;
- Diabetes tipo 2;
- Osteoporose;
- Envelhecimento precoce da pele;
- Complicações na gestação e no desenvolvimento fetal.
Benefícios de parar de fumar: a recuperação do corpo
Abandonar o cigarro é uma das decisões mais transformadoras que alguém pode tomar pela própria saúde. Os efeitos positivos começam quase imediatamente e continuam a se multiplicar com o passar do tempo. Veja como o corpo se recupera:
| Após 20 minutos | A pressão arterial e os batimentos cardíacos voltam ao normal. A circulação começa a melhorar, e o corpo já dá os primeiros sinais de equilíbrio. |
| Após 8 horas | Os níveis de oxigênio no sangue aumentam, enquanto o monóxido de carbono — presente na fumaça do cigarro — começa a ser eliminado. |
| Após 24 horas | O risco de infarto começa a diminuir, e os pulmões iniciam o processo de limpeza das toxinas acumuladas. |
| Após 48 horas | O olfato e o paladar se tornam mais sensíveis. A comida volta a ter sabor e os aromas ficam mais perceptíveis. |
| Após 2 a 3 semanas | A circulação sanguínea melhora ainda mais, e atividades físicas se tornam mais fáceis. A função pulmonar aumenta até 30%. |
| Após 1 ano | O risco de doenças cardíacas cai pela metade em comparação a quem continua fumando. |
| Após 5 a 10 anos | O risco de AVC pode se igualar ao de uma pessoa que nunca fumou, e o de câncer de boca e garganta reduz significativamente. |
| Após 15 anos | O risco de infarto é praticamente o mesmo de quem nunca fumou. O corpo reconquista o equilíbrio e a vitalidade. |
Como parar de fumar: tratamento e apoio disponíveis

Parar de fumar é um desafio que envolve corpo e mente, mas é totalmente possível com o apoio certo. O tratamento para tabagismo inclui abordagens que combinam acompanhamento médico, suporte psicológico e, em alguns casos, o uso de medicamentos para aliviar os sintomas da abstinência.
No Brasil, o SUS oferece tratamento gratuito para a cessação do tabagismo, com acesso a consultas, grupos de apoio e medicamentos como adesivos e gomas de nicotina. Essa rede é um recurso essencial para quem deseja abandonar o cigarro com segurança e suporte profissional.
Os tratamentos costumam seguir duas linhas principais:
- Abordagem comportamental: ajuda o paciente a identificar gatilhos, desenvolver novos hábitos e lidar com a vontade de fumar;
- Abordagem farmacológica: utiliza medicamentos que reduzem a dependência da nicotina e os sintomas da abstinência.
Os números mostram a importância desse acompanhamento: apenas 3% das pessoas conseguem parar de fumar sozinhas, enquanto o sucesso pode chegar a 45% com suporte médico e psicológico.
Buscar ajuda não é sinal de fraqueza, e sim de coragem. Com tratamento e persistência, é possível vencer a dependência e recuperar o controle da própria saúde.Continue aprendendo. Leia agora: Ozempic – riscos à saúde quando usado para emagrecimento