Desigualdade de gênero na pandemia: mulheres sentem impacto na saúde mental
Por Francine Costanti
Sem dúvida, o isolamento social – consequência da pandemia de coronavírus – transformou o modo como vivemos, os hábitos sociais, profissionais e todos nós tivemos que passar por uma grande adaptação de rotina. Por outro lado, esse novo cenário tem afetado a saúde mental das mulheres na pandemia.
O dia a dia da mulher, que antes era considerado corrido, com trabalho, manutenção da casa e criação dos filhos, ficou ainda mais intenso. É quase impossível conciliar todas essas funções e ainda se dedicar ao bem-estar e autocuidado.
Uma pesquisa feita pela Ipsos (empresa referência em pesquisa de mercado) em 2020 envolveu pessoas de sete países, comprovando que a saúde mental das mulheres na pandemia foi afetada. Por isso, as mulheres são, de fato, o gênero que mais sentiu impacto psicológico.
No estudo, 59% delas afirmaram estar com ansiedade e depressão, estresse e medo, contra 46% dos homens. Já em relação às incertezas do futuro, 73% demonstraram preocupação contra 63% dos homens.
O papel da mulher e suas responsabilidades sociais
Mesmo com avanços significativos na sociedade, as mulheres ainda desempenham papéis diferentes dos homens. O sexo feminino é bastante associado à dependência econômica e emocional da figura masculina e às responsabilidades ligadas ao lar e aos filhos, enquanto que o homem tem como principal função o sustento da família.
Para a historiadora Carolina Ramkrapes, a pandemia descortinou qualquer dúvida que ainda restava a esse respeito. Apesar da desigualdade milenar que as mulheres vivem, oprimidas de diferentes formas em cada momento da história, o modelo da “rainha do lar” é recente, com referência aos anos 1950, mas que ainda vigora neste início do século XXI.
“A responsabilidade continua atrelada às mulheres porque a estrutura patriarcal ainda é muito cristalizada. As reuniões nas escolas são frequentadas por mães e os cuidados com o ambiente doméstico, filhos e idosos, são majoritariamente femininos. Isso tem mudado, mas a passos lentos demais”, constata Carolina.
De fato, as mulheres tendem a trabalhar mais porque as tarefas ainda não são distribuídas igualmente no ambiente doméstico. A tripla jornada é uma realidade que ganhou evidência durante a pandemia.
Carolina ressalta que isso não quer dizer que as mulheres querem abrir mão da formação intelectual e profissional, do convívio social, ou da formação de uma família. Pelo contrário, significa que o cuidado com o ambiente doméstico e a educação das crianças é uma tarefa que deve ser aprendida por homens e mulheres.
Rotina corrida e o medo do vírus
Somado ao estresse diário e a tripla jornada no home office, as mulheres ainda precisam lidar com o medo de contrair o coronavírus, assim como seus filhos, marido e parentes próximos. É o caso da escrevente Maria Laura Mamede, que tem uma filha de 5 anos e está grávida de uma menina.
“Fui infectada no começo de 2021 e foi um período horrível. Tive que passar 15 dias longe da minha filha, me cuidado para ficar bem o mais rápido possível e, ao mesmo tempo, preocupada com a saúde dela e do meu bebê”.
Com a pandemia, Maria Laura passou a trabalhar em casa e, por isso, teve que adaptar sua rotina para que tudo saísse como o planejado. “Meu dia começa às 8h e só paro bem tarde da noite. Faço tudo o que está ao meu alcance, ajuda a Alice com as lições, mas às vezes perco a paciência e depois me sinto culpada. É complicado, um misto de sentimentos. Enfim, tenho coisas pra fazer o tempo todo, mas tento dar máxima atenção à ela”, completa.
Múltiplas tarefas e o impacto na saúde mental
Gerenciar inúmeras funções em casa – incluindo o estresse – pode causar impacto na saúde mental das mulheres na pandemia. É o que afirma a psicóloga Fabíola Luciano: “A pandemia fez com que todos nós vivêssemos a rotina de casa de uma forma muito mais intensa e, claro, as mulheres acabam tendo uma responsabilidade maior”.
Além disso, para a psicóloga o fato de não haver mais separação entre espaço de trabalho e vida pessoal, naturalmente gera uma sobrecarga nas mulheres de uma forma muito forte. Então, lidar com isso nesse momento pode culminar numa estafa e potencializar transtornos psicológicos.
“Essa sobrecarga em si não é o principal desencadeante dos mesmos transtornos, mas sim, somado a vários outros aspectos emocionais, como histórico de vida, predisposição genética e como a mulher interpreta essa mudança de rotina”, explica.
Outro aspecto que pode evitar ou amenizar impactos negativos na saúde mental das mulheres na pandemia é a organização de funções com pessoas próximas, seja o companheiro, companheira ou pessoa próxima. Para Dra. Fabíola, é justamente o fato da mulher não ter com quem dividir as tarefas que pode gerar essa sobrecarga física e mental.
“A ideia é compartilhar sempre a jornada, certo? Seja com um parente ou amigo. Acontece que, na pandemia, começamos a enxergar esse compartilhamento de forma mais ampla e o impacto que isso gera no convívio social e na qualidade de vida das pessoas”, diz.
Em caso de necessidade, a psicóloga pede que a mulher busque ajuda psicológica, até porque hoje já temos meios de consulta online, sem correr riscos fora de casa. Além de buscar formas de amenizar esses sintomas mentais negativos, é preciso manter o equilíbrio interior e um profissional pode ter um papel fundamental nisso.
“Viu que não está se sentindo bem ou que tudo parece fora do lugar? Não é hora de mascarar emoções, mas sim de pedir ajuda. Inclusive, não espere ser grave demais, porque um bom acompanhamento psicológico pode ser uma excelente forma de não não haver evoluções”, recomenda.
Separação e autoestima
A divisão de tarefas entre casais é a solução mais sensata quando se tem filhos, reuniões de trabalho, planejamento de refeições e organização da casa.
Porém, um levantamento do Colégio Notarial do Brasil (CNB) feito no segundo semestre de 2020, afirma que o Brasil registrou o maior número de divórcios da história. No total, foram 43,8 mil processos contabilizados, 15% maior em relação ao ano de 2019.
A alta também foi confirmada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicando que só em julho de 2020 o total de divórcios saltou para 7,4 mil. Já, em relação às buscas do Google, o termo “como dar entrada em divórcio” teve um aumento de 82% desde o início da pandemia.
Como parte dessa estatística, a estudante Luiza Guimarães sentiu na pele o impacto da separação, já que agora todas as funções ficam por conta dela.
“Como as tarefas domésticas estão só comigo, sinto demais essa sobrecarga de cuidar do meu filho sozinha e ter que me organizar para poder acompanhá-lo nas aulas online. No momento, estou na universidade e isso tudo tem me prejudicado demais nos estudos, visto que o cansaço é muito!”, relata Luiza.
Antes de tomar a decisão pelo término, Luiza conta que esse período conturbado afetou diretamente sua autoestima. “Nossa relação não estava muito legal e eu entrei numa fase depressiva, por isso parei de cuidar de mim. Quando nos separamos, a sobrecarga começou a vir com força. Me senti sozinha e entrei numa outra onda depressiva”.
Mas recomeçar a se gostar? “Fazer terapia em primeiro lugar! No mais, procuro atividades que me deem prazer: acender um incenso pela manhã, abrir todas as janelas para olhar o céu, ouvir música, dançar, me maquiar mesmo sem sair de casa e fazer atividade física”, diz ela.
Exercício físico: aliado do bem-estar
Atividade física e saúde mental são duas vertentes que estão diretamente ligadas e uma não vive sem a outra, ou seja, um corpo ativo evita problemas psicológicos graves, como ansiedade e depressão, além de manter sob controle – e evitar – diversas doenças.
“Uma rotina de treinos ajuda a controlar a produção de cortisol, responsável por problemas de saúde, dificuldade de sono e ganho de peso. O indicado é fazer três dias de exercícios intercalados, como HIIT (corrida na esteira), alongamento e ioga, que ajudam na saúde mental das mulheres na pandemia, colaborando com outros aspectos fisiológicos e motores”, orienta o personal trainer Pedro Coelho.
Os exercícios traz de brinde ganhos pessoais e estéticos que fazem bem para nossa autoestima, incluindo os aspectos hormonais que conversam com diferentes partes do corpo promovendo bem-estar e qualidade de vida.
E como treinar em meio a uma pandemia? Pedro aconselha que você encontre uma modalidade que te faça bem, como uma caminhada, corrida ou até dançar. “Que tal propor um desafio ao seu familiar ou amigo? É um jeito divertido de te motivar ainda mais. Ah, é importante experimentar novas atividades, hein?”.
Algumas academias, como a Smart Fit, Black Fit, Marra Fit, Bio Ritmo já estão em funcionamento. Fique atento às regras da sua cidade. “Faça reservas de treinos rápidos para melhorar o sistema cardiorrespiratório e aumentar a resistência corporal, como o Smart Shape (treino em formato de circuito) ou programas de HIIT. Antes de começar, procure um profissional na unidade para te ajudar nesse novo desafio”, aconselha o personal.
Quer se exercitar em casa? Também dá! Pedimos para o Pedro um treino bem prático e simples de fazer em qualquer lugar. Assim você pode começar já! A recomendação é realizar esse ciclo de exercícios por 5 minutos sem descanso e, no mínimo, três dias na semana. Vá avançando no tempo aos poucos até atingir 10 minutos de treino.
– 30 segundos de polichinelo
– 30 segundos de prancha Isométrica
– 30 segundos de corrida no lugar (skipping curto)
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