Uma pesquisa apresentada pelo Relatório People at Work, do ADP Research Institute, indicou que no Brasil,  67% dos trabalhadores são influenciados negativamente pelo estresse no trabalho. O número excede a média global, que é de 65%.

Além disso, neste mesmo levantamento, que ouviu 32.612 trabalhadores em 17 países ao redor do mundo e 5.751 na América Latina, demonstrou que a quantidade de trabalhadores que se sentem apoiados pelos seus gestores em questões relacionadas à saúde mental caiu de 70% em 2022 para 64% neste ano.

Dito isso, 57% dos colaboradores acreditam que os seus superiores não estão preparados para tratar sobre esse assunto de forma adequada, sem julgamentos. Você se identificou?

homem estressado no trabalho
Conheça as principais causas do estresse no trabalho, suas consequências e como lidar

Estes dados nos mostram um pouco sobre o estresse nos ambientes de trabalho, e como sua prevenção é essencial tanto para a saúde física quanto mental das pessoas. Leia mais sobre isso nesse artigo, em que vamos passar pelos assuntos a seguir. 

O que é estresse ocupacional?

O estresse no trabalho, ou estresse ocupacional é um problema cada vez mais frequente no mundo corporativo, que afeta diretamente os colaboradores. Causado por uma série de fatores, pode levar a complicações de saúde física e mental.

De acordo com uma pesquisa da International Stress Management Association (ISMA-BR), 69% dos brasileiros enfrentam esse problema, tornando o Brasil o segundo país com a maior força de trabalho estressada no mundo.

Esse problema caracteriza-se por reações de desgaste físico e psicológico relacionadas ao trabalho e surge como um padrão de respostas cerebrais diante de agentes agressores, que vão drenando a energia do corpo, e dando aquela sensação de desgaste mental, desmotivação e insatisfação. 

Dados sobre o estresse no trabalho

Apesar do estresse ocupacional, o otimismo dos trabalhadores permanece alto, nove em cada 10 trabalhadores (90%), se dizem satisfeitos com os seus empregos, ainda de acordo com o relatório People at Work 2023: A Global Workforce View, do ADP Research Institute

mulher satisfeita e confiante no trabalho
90% se dizem satisfeitos com os seus empregos, de acordo com o relatório People at Work 2023: A Global Workforce View

Além disso, o levantamento conta com trabalhadores que relatam que as empresas estão menos flexíveis do que no ano passado com relação a políticas de bem-estar, serviços de aconselhamento ou pausas para o autocuidado.

No entanto, tudo indica que as atividades de construção de equipes e os programas de assistência estão ganhando cada vez mais destaque como iniciativas de promoção da saúde mental.

Outro ponto relatado pelos trabalhadores é que as empresas continuam progredindo no desenvolvimento de iniciativas de diversidade, equidade e inclusão.

Cerca de 20% deles acredita que promover uma cultura de trabalho inclusiva é parte fundamental de apoio dos empregadores à saúde mental positiva no trabalho. 

As fases do estresse no trabalho

Segundo esse estudo desenvolvido pela Revista Brasileira de Medicina do Trabalho, o estresse ocupacional tem três fases distintas: alarme, resistência e exaustão

Na primeira fase, o nosso organismo ativa uma resposta aguda ao que percebe como uma ameaça. Neste caso, pode ser um prazo curto para a entrega de um projeto muito importante. 

Então, as frequências cardíaca e respiratória ficam mais rápidas, a fim de sustentar uma reação de luta ou fuga para solucionar a situação até chegar na fase da resistência.

Nessa segunda etapa, o organismo tenta recuperar o equilíbrio interno e retomar à situação inicial, antes de perceber a “ameaça”. Finalmente, na fase da exaustão, existe uma extinção da resistência em decorrência de falhas nos mecanismos de adaptação. 

Essa é considerada a condição mais crítica relacionada ao estresse, pois, após exposições repetidas ao mesmo estressor, o organismo pode desenvolver doenças graves ou, até mesmo, entrar em colapso.

Causas do estresse ocupacional

As causas do estresse ocupacional estão muito relacionadas à exposição aos agentes estressores que podem ser relacionados à cultura organizacional, às condições de trabalho e as relações interpessoais dentro das empresas.

Além dessas causas, há também a influência da autoimagem do funcionário, que pode estar sensibilizado por fatores externos ao trabalho, que aumentam o risco desse estresse.

mulher com muito trabalho
Conheça as principais causas do estresse ocupacional

Veja a seguir outras causas:

  1. Ambiente corporativo desestruturado

Postos de trabalho desorganizados e sujos, que expõem o trabalhador a ruídos constantes e a temperaturas inadequadas, podem elevar o risco de estresse ocupacional. 

  1. Sobrecarga de trabalho

A sobrecarga no trabalho gera estresse quando há, por exemplo, exigência de horas extras frequentemente, que são consequência de uma demanda desproporcional à carga horária. 

  1. Falta de reconhecimento

Salários baixos, ausência de benefícios corporativos ou recompensas fazem com que o colaborador se sinta desvalorizado e, consequentemente, estressado. 

  1. Cobranças excessivas

Uma boa gestão de pessoas abrange o oferecimento e recebimento de feedbacks, mas também é igualmente importante o tato na hora de cobrar resultados. Cobranças exacerbadas colocam o funcionário em estado de alerta permanente. 

  1. Clima hostil 

Bullying, assédio moral ou sexual e moral são situações que também ocasionam o estresse no trabalho, principalmente por causarem a sensação de medo frequente. 

  1. Cenário de instabilidade

Flutuações no mercado, quedas abruptas na receita e demissões em massa afetam muito a saúde ocupacional, deixando os trabalhadores inseguros e ansiosos. 

Sintomas do estresse ocupacional

Nem sempre os sintomas do estresse no trabalho podem ser identificados com facilidade. Alguns deles são:

  • Falta de concentração;
  • Desânimo;
  • Tristeza;
  • Apatia;
  • Irritação;
  • Tensão muscular;
  • Queda no desempenho. 

Como identificar o estresse no trabalho

Identificar o estresse no trabalho exige atenção a mudanças no seu comportamento e desempenho. Alguns sinais de alerta são:

  • Atraso nas entregas, principalmente quando não há motivos para a procrastinação
  • Conflitos, instabilidade e falta de comunicação no ambiente laboral;
  • Descumprimentos de horários, ausências frequentes ou excesso de horas extras;
  • Sintomas aparentes como falta de concentração, queixas de cansaço e desinteresse. 

Quais são os riscos e as consequências do estresse ocupacional

riscos do estresse para as pessoas
Os riscos do estresse ocupacional podem acabar em problemas de saúde mental e física

Os riscos do estresse ocupacional podem acabar em problemas de saúde mental e física como doenças cardíacas, depressão e ansiedade. Já, falando de consequências, pode, por exemplo, gerar padrões de pensamento negativo, cansaço, fadiga, desânimo e outros dos sintomas já mencionados. 

Durante esse processo, os sintomas acabam por minar a produtividade, além de favorecer conflitos com os colegas e diminuir suas receitas. 

Qual é a relação entre o burnout e o estresse no trabalho?

A Síndrome de Burnout é uma condição de estresse extremo no trabalho, caracterizada principalmente por exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal. 

Ela ocorre, principalmente, quando o estresse não é gerido adequadamente, levando a um esgotamento completo das energias físicas e emocionais.

Outras doenças que podem ser causadas pelo estresse no trabalho

Além do burnout, outras doenças podem ser causadas ou pioradas pelo estresse no trabalho, como:

Ansiedade

O estresse constante no trabalho pode desencadear ou piorar transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada (TAG). Os sintomas incluem preocupação excessiva, nervosismo, agitação e tensão muscular.

O transtorno de ansiedade pode causar também medos irracionais, perfeccionismo ou até sintomas físicos. O estresse pode causar essa ansiedade contínua, te levando até a ter uma crise nervosa ou de ansiedade. 

Depressão

A exposição prolongada ao estresse no trabalho também está associada ao desenvolvimento de depressão. Os sintomas incluem tristeza profunda, perda de interesse nas atividades, fadiga, alterações no sono e no apetite, e pensamentos suicidas.

homem numa sessão com psicóloga
O estresse alto ou de forma contínua podem levar a quadros depressivos

Quando chegamos em um ponto de extremo desgaste, nosso cortisol, hormônio responsável pelo controle do estresse, acaba aumentando, e os neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, responsáveis por emoções alegres e de satisfação, acabam diminuindo.

A depressão é uma doença que precisa de ajuda profissional. Estresse alto ou de forma contínua podem levar a quadros depressivos. 

Hipertensão (pressão alta)

O estresse crônico libera hormônios do estresse, como o cortisol, que podem aumentar a pressão arterial. A hipertensão é um fator de risco para doenças cardiovasculares, como doença cardíaca coronária e acidente vascular cerebral (AVC).

Problemas cardiovasculares

O estresse prolongado no trabalho está associado a um risco aumentado de doenças cardiovasculares. Isso ocorre devido aos efeitos do estresse no sistema cardiovascular, incluindo aumento da pressão arterial, inflamação e aterosclerose (acúmulo de placas nas artérias).

Distúrbios do sono

O estresse crônico pode prejudicar a qualidade do sono, levando a insônia, despertares frequentes durante a noite e sonhos perturbadores. A falta de sono adequado pode agravar o estresse e contribuir para outros problemas de saúde.

Distúrbios gastrointestinais

O estresse pode afetar o sistema gastrointestinal, levando a distúrbios como Síndrome do Intestino Irritável (SII), úlceras pépticas, refluxo gastroesofágico e problemas digestivos crônicos.

Dores crônicas

O estresse pode aumentar a percepção da dor e piorar condições de dor crônica, como enxaquecas, dores de cabeça tensionais, dor nas costas, fibromialgia e artrite.

mulher estressada com dor nas costas
O estresse pode aumentar a percepção de dores e tensões musculares

Doenças autoimunes

Embora a relação entre o estresse e as doenças autoimunes seja complexa, o estresse crônico pode desencadear ou agravar doenças autoimunes, como psoríase, lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide.

Como prevenir o estresse no trabalho

A prevenção do estresse ocupacional pede principalmente medidas de gestão de pessoas e Segurança e Saúde do Trabalho (SST). 

Além disso, algumas ações podem ser tomadas, como:

  1. Identifique o que pode estar provocando o estresse, já que podem ser situações presentes no ambiente de trabalho ou na vida pessoal;
  2. Cuide da sua saúde adotando um estilo de vida saudável. Quanto mais bem-estar você tiver, maior vai ser sua capacidade de adaptação a situações estressantes;
  3. Seja flexível, não abrace o mundo. Não delegar tarefas e cobrar muito de si mesmo são alguns comportamentos que podem se virar contra você no futuro, já que colaboram para o aumento do estresse no trabalho;
  4. Nunca guarde os problemas só para si. A falta de comunicação é um dos principais males da convivência social. Um profissional deve buscar com você a melhor forma de interagir;
  5. Não limite sua vida ao trabalho. É importante ter um hobby, manter contato com família e amigos, procurar um curso ou outra atividade para se engajar fora do ambiente laboral. 

Outras formas de prevenir o estresse no trabalho

mulher praticando a meditação para relaxar
Conheça algumas formas de prevenir o estresse no trabalho

Definição de limites

Estabelecer limites claros é essencial para evitar o excesso de trabalho. Isso inclui definir um horário para encerrar o trabalho, evite levar trabalho para casa sempre que possível e respeitar o tempo reservado para pausas e descanso.

Apoio social

Construa relacionamentos sólidos no trabalho, pois isso pode criar um ambiente de apoio. Converse com colegas quando enfrentar desafios e busque ajuda quando necessário. Ter um mentor ou colega confiável pode ser particularmente benéfico.

Exercícios e relaxamento

Incorporar exercícios físicos à sua rotina diária pode liberar endorfinas, reduzindo o estresse. Além disso, técnicas de relaxamento, como meditação, podem acalmar a mente e aliviar a tensão.

Metas realistas

Estabeleça metas alcançáveis e mensuráveis em seu trabalho. Isso não apenas evita a sobrecarga, mas também fornece um senso de realização quando você atinge essas metas.

Aprender a dizer não

Saiba quando recusar tarefas adicionais que possam comprometer sua capacidade de gerenciar seu trabalho atual de forma eficaz. Dizer não de maneira educada é uma habilidade valiosa para evitar a sobrecarga.

Gostou do que leu? Não esqueça de comentar e acompanhar nossos outros conteúdos do blog