Ansiedade tem cura: mito ou verdade?
Você já sentiu o seu coração acelerado, algumas palpitações ou até mesmo preocupação excessiva ao pensar em alguma coisa do futuro? Saiba que esses são apenas alguns dos muitos sintomas causados nas pessoas que estão ansiosas. Mas, afinal, será que a ansiedade tem cura?
Embora muitas pessoas pensem que a ansiedade é algo ruim, saiba que ela pode ser um mecanismo de defesa e proteção. No entanto, quando as coisas saem do controle, os sentimentos acabam fugindo do que é real, trazendo inúmeros problemas à saúde.
Pensando nisso, para te ajudar a entender melhor sobre a ansiedade, convidamos uma psicóloga para responder as seguintes dúvidas:
- O que é ansiedade?
- Quando a ansiedade é patológica?
- Quais são os sintomas mais comuns da ansiedade?
- A ansiedade tem cura?
- Como lidar com as crises de ansiedade?
O que é ansiedade?
Muito se fala sobre ansiedade, mas será que você realmente sabe o que é? Conforme a Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde, esse fenômeno pode ser bom ou ruim, variando conforme o momento que cada pessoa está vivendo ou a sua intensidade.
Segundo a psicóloga Hellen Capel, graduada pela Unicesumar e especialista em Psicoterapia Psicanalítica Contemporânea pela EPPM, a ansiedade pode ser caracterizada por um sentimento vago e/ou desagradável, podendo causar inúmeras sensações, como, por exemplo, medo e/ou apreensão.
“Geralmente, ela surge no formato de tensão ou desconforto derivado de uma antecipação de perigo por meio de algo desconhecido e/ou estranho. Ou seja, é uma antecipação catastrófica do futuro”, explica a psicóloga.
Quando a ansiedade é patológica?
Para entender quando a ansiedade se torna patológica, é preciso saber o significado de patologia, né?
Por isso, essa palavra faz referência às alterações que o ser humano acaba sofrendo devido às mudanças, tanto morfológicas quanto fisiológicas, em relação ao seu estado de saúde. Em outras palavras, pode-se dizer que são quaisquer doenças que podem afetar o estado de bem-estar, seja físico, mental e/ou social.
A ansiedade por si só é algo que tem como função nos proteger. Ela se torna patológica quando começa a afetar a rotina e as tarefas do dia a dia que já estamos acostumados a fazer, despertando sensações ruins de forma física e emocionais, sendo prejudicial para a qualidade de vida.
“Isso acontece quando o nosso pensamento fica acelerado. Então, tudo o que eu vou usar é: ‘será que…’, sendo a frase mais comum que a gente usa na ansiedade. Será que aquilo vai acontecer comigo? O pensamento fica tão acelerado que o corpo começa a sentir, deixando-o mal”, comenta.
Além disso, Hellen explica que a nossa cabeça começa a pensar demais nas coisas que podem acontecer, vindo à tona os sentimentos ruins e provocando a crise de ansiedade.
Quais são os sintomas mais comuns da ansiedade?
Os sintomas podem acontecer de muitas maneiras, tanto físicos quanto psicológicos. No entanto, as suas manifestações podem não ser as mesmas de um amigo ou familiar, por exemplo.
“Os sintomas mais comuns que nós temos em relação à ansiedade são: ataque cardíaco, sudorese, tremor no corpo, dores de cabeça e/ou tensão muscular no que diz respeito aos problemas físicos”, comenta sobre algumas das manifestações.
Fora as sensações físicas, esse transtorno mental pode causar problemas no pensamento, que é quando as nossas ideias ficam todas bagunçadas. “Por meio da ansiedade, nós pensamos em tudo o que pode nos acontecer no futuro, mas não conseguimos trazer para o agora”.
Fora esses sintomas mencionados, separamos uma lista com alguns outros que podem fazer parte do seu dia e que merecem atenção:
- Medo constante;
- Falta de paladar;
- Sensação de tontura;
- Enxaquecas frequentes;
- Vontade de roer as unhas;
- Dificuldade para respirar;
- Dificuldade para se concentrar;
- Dores leves, fortes e moderadas no peito;
- Agitação em algumas partes do corpo, como pernas e/ou braços;
- E muito mais!
A ansiedade tem cura?
Não, isso é um mito! Se algum dia alguém falar que a ansiedade tem cura, saiba que isso não é verdade.
O tratamento pode variar de pessoa para pessoa, sendo que pode voltar ou não os sintomas após o período de terapia e, em alguns casos, de medicação. Por outro lado, existem aquelas que após um tempo acabam tendo alguns episódios em determinadas situações, precisando recorrer a ajuda psicológica.
A psicóloga explica que quando pensamos em uma cura, é preciso ter em mente uma causa e consequência, ou seja, um determinismo médico. Em relação à ansiedade, isso não acontece, pois os fatores são subjetivos.
“A gente pensa da seguinte forma para o lado da psicologia: o sintoma está querendo nos comunicar o quê? Logo, se o sintoma de ansiedade está muito alto, é porque ele está querendo te avisar sobre algo da sua vida”, comenta Hellen.
Para amenizar a ansiedade, é essencial mudar alguns hábitos da vida ou manejar as próprias ações em relação à rotina, tanto no trabalho quanto em casa. A partir disso, é possível se organizar mais nas tarefas cotidianas e, consequentemente, transformar a visão sobre as coisas, trazendo os acontecimentos para a realidade.
“Por exemplo, uma pessoa tem muito medo de fazer prova e isso a desorganiza por completo. Logo, é preciso trabalhar isso na psicoterapia para entender o que essa avaliação representa para você e, a partir disso, estudar e organizar para fazê-la”.
No entanto, a partir do acompanhamento psicológico, dependendo do grau e intensidade da crise de ansiedade, pode ser preciso fazer o uso de medicamentos sob orientação. “Por que medicação? Porque também somos um ser biopsicossocial, onde a nossa parte biológica pode precisar de ajuda médica — sendo necessário entrar com remédios — para organizar o pensamento”.
Por meio da psicoterapia, é trabalhado a maneira como cada indivíduo lida com as próprias emoções e consigo mesmo. “É uma forma de entender que a ansiedade seja alguma comunicação interna, sendo preciso ficar mais atento”.
Como lidar com as crises de ansiedade?
Parece bobagem falar a frase “mantenha a calma”, mas ela é essencial para quem sofre de ansiedade. Contudo, lembre-se que cada pessoa tem a sua maneira de reagir, por isso, respeite aquele momento e coloque-se à disposição para ajudar.
Por outro lado, se você for uma pessoa ansiosa, é preciso conhecer o seu limite e entender que aquele momento vai passar. Mas, afinal, o que fazer para amenizar os sintomas nessas situações?
“Geralmente, o que eu sempre digo é: se conheça. Se você está muito ansioso, tem gente que gosta de correr ou praticar um exercício para se acalmar. Outras gostam de ficar em um quarto bem escurinho, fechadinho e quietinho. Tem gente que gosta de deixar uma luz amarela na cabeceira da cama, o que pode ajudar demais”, explica.
Fora isso, a psicóloga conta que existem várias maneiras de enfrentar os sintomas do transtorno de ansiedade, além das dicas sugeridas acima, como, por exemplo, colocar uma manta ou cobertor em cima da gente, fazendo alusão a ação de se acolher e se conter.
Em relação ao ambiente de trabalho, sabemos que os nervos podem ficar à flor da pele, né? Afinal, é um espaço que demanda muita cobrança, metas para atingir e tarefas para fazer ao longo do dia, sendo alguns dos fatores que podem desencadear a sensação de ansiedade.
“E se estiver num ambiente de trabalho onde não posso fazer nada? Geralmente, eu vou para outra sala ou fico no próprio escritório, sento em algum lugar perto da parede e fico lá. Depois, respiro pelo nariz e solto pela boca e tomo um copo de água, ficando ali até me acalmar”, orienta a profissional.
Com essas dicas de uma profissional ficou mais simples de entender o que fazer quando a ansiedade aparecer, né? Para te ajudar ainda mais nesse processo de bem-estar, separamos um checklist de outras coisas que você pode estar fazendo nessa situação:
- Diminua os alimentos ultraprocessados;
- Tenha um hobby e coloque-o em prática;
- Desligue-se de tudo uma hora antes de dormir;
- Aconteceu algum problema? Não se cobre tanto;
- Reduza a quantidade de cafeína ao longo do dia;
- Exercite a respiração profunda para manter a calma;
- Ouça músicas relaxantes ou o estilo de sua preferência;
- Esteja em contato com a natureza nos momentos de aflição;
- Pratique meditação guiada, tanto por áudio quanto por vídeo;
- Tente acordar de 10 a 15 minutos mais cedo do que está acostumado;
- Pratique atividade física regularmente, independente da modalidade escolhida.
Embora a ansiedade não tenha uma cura, que tal colocar em prática todas essas nossas dicas para amenizar os sintomas? Ah! Lembre-se de procurar a ajuda de um psicólogo para te acompanhar nessa trajetória, afinal, você não está sozinho!