HIV e Aids: tudo sobre o vírus e o estágio da infecção
Mesmo com os avanços, o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) ainda é uma questão global de saúde pública. Até hoje, estima-se que 44,1 milhões de pessoas tenham morrido por causas relacionadas ao vírus, segundo a World Health Organization (WHO).
É por isso que a meta mundial é ambiciosa: acabar com a epidemia até 2030, seguindo o objetivo de diagnóstico, tratamento e supressão viral conhecido como “95-95-95”.
Saiba mais sobre o vírus, a doença e essa iniciativa de erradicação a seguir.
- Qual é a diferença entre HIV e AIDS?
- Quais são os tipos de transmissão do HIV?
- Como é feito o diagnóstico de HIV e AIDS?
- Como funciona o tratamento do HIV?
- O que fazer para se prevenir do HIV e AIDS?
Qual é a diferença entre HIV e AIDS?

O HIV é o vírus que invade o sistema imunológico, especialmente as células de defesa chamadas linfócitos T CD4+. Ele se instala dentro da célula, altera seu DNA e começa a se multiplicar. Quando uma pessoa tem o vírus no corpo, dizemos que ela é soropositiva, mas isso não significa que ela tem AIDS.
Aliás, esse é um ponto super importante: é totalmente possível viver com HIV por muitos anos sem desenvolver sintomas e sem evoluir para a AIDS, especialmente com acompanhamento e tratamento.
A AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) aparece quando o HIV já comprometeu o sistema imunológico a ponto de deixá-lo muito fragilizado. É o estágio mais sério da infecção, aquele em que as defesas caem e o corpo fica vulnerável a infecções oportunistas e até certos tipos de câncer e alguns linfomas.
Quais são os tipos de transmissão do HIV?
Saber exatamente como o HIV é transmitido ajuda a tomar decisões mais seguras e também a desfazer mitos que ainda circulam por aí. Aqui vai um guia direto ao ponto:
Formas de transmissão comprovadas
O HIV pode ser transmitido quando há contato com fluidos corporais específicos de uma pessoa infectada:
- Sangue;
- Sêmen e fluidos vaginais;
- Leite materno;
- Gestação e parto.
O que NÃO transmite HIV
- Abraços;
- Beijos;
- Aperto de mãos;
- Suor ou lágrimas;
- Tosse ou espirros;
- Assentos, transporte público, banheiros;
- Compartilhamento de talheres, copos ou alimentos;
- Piscinas, praia ou contato social cotidiano.
O HIV não sobrevive fora do corpo nas condições necessárias para infectar outra pessoa, por isso essas situações são completamente seguras.
Como é feito o diagnóstico de HIV e AIDS?

Quando o assunto é HIV, uma coisa é essencial: o diagnóstico é simples, rápido e pode salvar vidas. Já o diagnóstico de AIDS segue outros critérios, porque estamos falando do estágio mais avançado da infecção. Vamos por partes:
A única forma de saber se alguém tem HIV é fazendo o teste. Hoje, os exames são acessíveis, sigilosos e muito precisos.
As principais formas de testagem são:
Testes rápidos (SUS)
O resultado sai no mesmo dia. Estão disponíveis gratuitamente em unidades de saúde e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).
Autotestes
Para quem prefere fazer o exame com privacidade. O resultado sai em 20 a 30 minutos. Eles detectam os anticorpos produzidos pelo corpo após a infecção.
Já a AIDS não é diagnosticada por um “teste de AIDS”. Ela é identificada quando o HIV já avançou muito no organismo e comprometeu seriamente o sistema imunológico.
Uma pessoa vivendo com HIV é diagnosticada com AIDS quando:
- A contagem de CD4 cai abaixo de 200 células/mm³ (para referência: o normal varia entre 500 e 1600).
- Quando surgem infecções oportunistas, mesmo com a contagem acima de 200.
Exemplos incluem tuberculose, meningite criptocócica, sarcoma de Kaposi e linfomas.
Como funciona o tratamento do HIV?
Se tem algo que revolucionou a história do HIV, é o tratamento. Hoje, graças à Terapia Antirretroviral (ART/ARV), viver com HIV não significa ter uma expectativa de vida reduzida ou limitada: é possível ter uma rotina plena, ativa e saudável.
O HIV não desaparece do corpo, mas fica totalmente controlado e é isso que muda tudo.
O que a ART faz no organismo?
A ART funciona como uma espécie de “freio de mão” do vírus.
Mesmo sem cura, os antirretrovirais:
- interrompem a multiplicação do HIV no organismo;
- fortalecem o sistema imunológico;
- reduzem (e muitas vezes eliminam) sintomas;
- impedem que a infecção evolua para AIDS.
Além disso, quando a pessoa faz o tratamento corretamente e mantém a carga viral indetectável, o vírus fica tão controlado que não é transmitido por via sexual.
Os esforços globais e a meta 95-95-95
O mundo inteiro está empenhado em acabar com a epidemia até 2030. Para chegar lá, a OMS estabeleceu uma meta clara até 2025:
- 95% das pessoas vivendo com HIV diagnosticadas;
- 95% das pessoas diagnosticadas estão em tratamento;
- 95% das pessoas em tratamento com carga viral suprimida.
Atualmente, estamos avançando, mas ainda há caminho pela frente, especialmente quando falamos de acesso, informação e combate às desigualdades.
No mundo todo, o 1º de dezembro, Dia Mundial da AIDS, reforça a importância do diagnóstico e do acesso ao tratamento. No Brasil, o mês é marcado pela mobilização nacional de prevenção e informação.
O que fazer para se prevenir do HIV e AIDS?
A prevenção do HIV evoluiu. Hoje, falamos em prevenção combinada, uma estratégia que mistura diferentes métodos para aumentar a proteção conforme o estilo de vida e as situações de risco de cada pessoa. A ideia é simples: quanto mais caminhos para se proteger, melhor. Veja algumas formas de fazer isso:
- Preservativo: além de proteger do HIV, evita outras ISTs.
- Testagem regular: saber como está sua saúde é uma forma poderosa de prevenção. O diagnóstico precoce muda tudo.
- Tratamento como prevenção: pessoas que vivem com HIV e mantêm carga viral indetectável não transmitem o vírus.
- Redução de danos: para quem usa drogas injetáveis, não compartilhar materiais é essencial.
- Proteção materna: gestantes com HIV que iniciam tratamento reduzem drasticamente o risco de transmissão para o bebê.
PrEP e PEP: afinal, qual é a diferença?
Duas siglas que aparecem muito quando o assunto é prevenção:
- PrEP (Profilaxia Pré-Exposição): é um medicamento usado antes de situações de risco. Ideal para quem tem exposição frequente ou maior chance de contato com o HIV. Pode ser oral ou injetável de longa duração.
- PEP (Profilaxia Pós-Exposição): usada depois de uma situação de risco. Precisa ser iniciada em até 72 horas e tomada por 28 dias.
O mais importante: PrEP e PEP não têm a ver com identidade, e sim com comportamento de risco. Qualquer pessoa que tenha relações sem preservativo, vive com outra IST, usa álcool ou drogas em contextos que aumentam a vulnerabilidade, ou compartilha materiais perfurocortantes deve considerar essas estratégias.
Ficar bem informado é parte do cuidado e a prevenção combinada existe justamente para que cada pessoa encontre o caminho que faz sentido para a sua vida. Cuide-se sempre.