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Bem-estar Solidão: o que é, causas e como melhorar
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Solidão: o que é, causas e como melhorar

Foto do autor Escrito por: Natasha Fonseca 06 de novembro de 2025

Você já parou para pensar que, mesmo rodeados de pessoas, muitos colaboradores podem se sentir sozinhos? A solidão não é apenas estar fisicamente sozinho: é aquela sensação de desconexão emocional, de não se sentir verdadeiramente ligado aos colegas, à equipe ou à empresa. 

No ambiente corporativo, a solidão é mais comum do que parece: 1 em cada 5 trabalhadores sente esse vazio, mesmo em equipes conectadas por chats, e-mails e reuniões online. 

Neste artigo, vamos explorar o que é solidão, como ela se manifesta no ambiente de trabalho e, principalmente, como o RH pode agir para criar conexões reais e fortalecer o senso de pertencimento na equipe.

O que é solidão?

Solidão
A solidão é um sentimento cada vez mais comum hoje em dia

Antes de qualquer estratégia de RH, é importante entender com o que estamos lidando. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a solidão é o “sentimento doloroso que surge da lacuna entre as conexões sociais desejadas e as reais”. Ou seja, é uma experiência subjetiva: você pode estar em uma sala cheia de colegas e ainda se sentir isolado.

Em 2023, a OMS classificou a solidão como uma ameaça urgente à saúde pública, devido aos impactos profundos que ela provoca na saúde mental e física.

Algumas distinções importantes

Para não confundir conceitos, veja as diferenças:

  • Solidão: a dor da desconexão, a sensação de carência afetiva.
  • Isolamento social: falta objetiva de conexões; é o afastamento de vínculos, voluntário ou não.
  • Solitude: estar sozinho por escolha, de forma positiva, para reflexão, descanso mental e autoconhecimento.

Em resumo, a solidão não depende da quantidade de pessoas à volta, mas da percepção de que a qualidade das conexões é insuficiente.

Qual é a sua prevalência e impacto?

A solidão é um fenômeno global: uma em cada seis pessoas no mundo é afetada. E os impactos vão muito além do emocional: eles atingem o corpo e até a longevidade. Estudos indicam que ela:

  • Aumenta o risco de doenças cardíacas, AVC e declínio cognitivo.
  • Tem efeito comparável a 15 cigarros por dia na saúde.
  • Está associada a cerca de 100 mortes a cada hora, somando mais de 871 mil anuais.

Para o RH, isso significa que a solidão no ambiente de trabalho não é só uma questão emocional: ela influencia desempenho, engajamento e saúde geral dos colaboradores.

Por que a solidão acontece?

Entender por que a solidão surge é fundamental para que o RH consiga criar estratégias eficazes de engajamento e bem-estar. A solidão e o isolamento social não têm uma única causa: são resultados da combinação de fatores pessoais, sociais, culturais e tecnológicos.

1. Fatores sociais, econômicos e comunitários

Alguns aspectos da vida fora do trabalho podem impactar diretamente como os colaboradores se conectam:

  • Condições pessoais e socioeconômicas: saúde fragilizada, baixa renda, pouca escolaridade ou morar sozinho aumentam o risco de se sentir solitário;
  • Infraestrutura e políticas: ausência de políticas públicas eficazes e falta de espaços comunitários (como parques, bibliotecas ou centros de convivência) dificultam as conexões;
  • Grupos vulneráveis: pessoas com deficiência, refugiados, LGBTQIA+, indígenas e minorias étnicas podem enfrentar barreiras sociais e discriminação;
  • Mudanças na estrutura social: urbanização, mobilidade geográfica e enfraquecimento das redes familiares reduzem os vínculos naturais;
  • Valores culturais: a ênfase na independência e no sucesso individual pode levar a priorizar carreira ou objetivos pessoais em detrimento das relações interpessoais.

2. Fatores tecnológicos e ambiente de trabalho

A tecnologia e novas formas de trabalho também influenciam a solidão:

  • Influência digital: redes sociais e ferramentas digitais podem criar conexões superficiais que não substituem interações profundas;
  • Tempo de tela: o excesso de interações online negativas ou superficiais impacta a saúde mental, especialmente dos mais jovens;
  • Novas formas de trabalho: o home office e a digitalização, embora tragam flexibilidade, podem aumentar o distanciamento emocional entre colegas.

3. Fatores psicológicos

Como cada pessoa lida com suas experiências internas também importa:

  • Saúde mental: depressão, ansiedade ou outros transtornos podem intensificar a sensação de desconexão;
  • Autoestima e medo de rejeição: dificuldades em se relacionar ou medo de não ser aceito podem gerar ciclos de isolamento;
  • Experiências passadas: traumas, bullying ou abusos anteriores podem fazer com que o colaborador evite interações sociais.

Em resumo, a solidão surge quando a lacuna entre as conexões desejadas e as reais é grande. Essa lacuna tende a crescer quando vulnerabilidades pessoais se encontram com ambientes sociais fragmentados e digitais, algo que o RH moderno precisa observar de perto para promover conexões reais e saudáveis.

Quais são os tipos de solidão?

tipos de solidão
Existem alguns tipos de solidão que se manifestam de forma diferente

A solidão não é uma experiência única, ela se manifesta de formas diferentes, dependendo de qual tipo de conexão está faltando. Entender essas nuances ajuda o RH a identificar situações de risco e a criar estratégias mais eficazes de engajamento e pertencimento.

1. Solidão emocional

É a sensação de falta de um relacionamento profundo e significativo.

Característica: ausência de um parceiro íntimo ou de um amigo próximo.

No trabalho: mesmo rodeado de colegas, o colaborador pode se sentir desconectado se não houver vínculos autênticos ou relações de confiança.

2. Solidão social

Ocorre quando a pessoa sente que não pertence a um grupo ou comunidade.

Característica: falta de pertencimento a uma rede social mais ampla.

No trabalho: alguém novo na empresa, em um time recente ou em mudança de unidade, pode experienciar essa sensação até conseguir se integrar de fato.

3. Solidão situacional

Desencadeada por circunstâncias específicas que alteram a rede social de alguém. 

Exemplos: perda de um familiar, divórcio ou aposentadoria.

No trabalho: mudanças de cargo, de equipe ou desligamentos de colegas próximos podem gerar esse tipo de solidão temporária.

Como combater a solidão no trabalho e fora dele?

A solidão é um risco coletivo. Combater a desconexão exige ações em diferentes níveis: global, comunitário, individual e organizacional. Para o RH, isso significa criar estratégias que fortaleçam vínculos e promovam um ambiente de pertencimento.

1. Estratégias globais e políticas

Segundo a OMS, ações eficazes contra a solidão passam por cinco frentes estratégicas:

  • Políticas públicas: criação de programas nacionais que incentivem conexões sociais;
  • Pesquisa: entender melhor o fenômeno da solidão e seus impactos;
  • Intervenções: desenvolver programas de prevenção e combate;
  • Medição aprimorada: como criar índices que monitorem a conexão social;
  • Engajamento público: mudar normas sociais e reforçar uma cultura de conexão.

2. Fortalecimento comunitário e social

A infraestrutura social é crucial para criar oportunidades de conexão:

  • Espaços de encontro: parques, bibliotecas, cafés e outros locais públicos incentivam interações;
  • Voluntariado: conhecer pessoas e desenvolver propósito por meio de atividades voluntárias;
  • Grupos e atividades comunitárias: clubes, hobbies e esportes em grupo fortalecem vínculos;
  • Eventos sociais: participação em encontros e atividades coletivas aumenta o senso de pertencimento.

3. Ações simples no dia a dia

Pequenas atitudes podem fazer grande diferença:

  • Entrar em contato com um amigo que precisa;
  • Deixar o celular de lado e estar presente nas conversas;
  • Cumprimentar vizinhos ou colegas;
  • Participar de grupos locais ou eventos da empresa;
  • Manter relacionamentos existentes com encontros ou telefonemas regulares.

4. Autocuidado e apoio profissional

Cuidar de si é parte essencial de qualquer estratégia:

  • Autocuidado: sono regular, alimentação equilibrada, exercícios, meditação, hobbies e gratidão;
  • Ajuda profissional: procurar psicoterapia se a solidão impactar significativamente o bem-estar;
  • Acessibilidade: a telepsicologia facilita o acesso a suporte emocional sem sair de casa.

5. Estratégias no ambiente de trabalho (RH)

O RH tem um papel estratégico na prevenção da solidão:

  • Acolhimento inicial: mentoria e buddy system ajudam novos colaboradores a se integrar;
  • Vínculos por interesse: grupos de afinidade e comunidades de prática fortalecem conexões;
  • Conexão no híbrido: rituais de check-in e encontros com propósito mantêm equipes engajadas;
  • Escuta ativa: treinamentos de empatia e comunicação ajudam a detectar sinais de isolamento;
  • Apoio institucional: canais de escuta e Programas de Apoio ao Empregado (PAE) oferecem suporte clínico e emocional.

Combater a solidão é, portanto, uma oportunidade estratégica para o RH: criar equipes mais conectadas, engajadas e resilientes, fortalecendo não só a saúde dos colaboradores, mas também os resultados da empresa na totalidade.

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