Por mais que existam tarefas tediosas e dias em que colaboradores estão menos motivados, estar cronicamente entediado no trabalho pode estar relacionado a um fenômeno, que tem até nome: síndrome de Boreout

Apesar de estarem a só uma letrinha de distância, essa condição é bastante diferente do já famoso Burnout, que acomete colaboradores por conta de estresse e longas jornadas de trabalho. 

Quer saber mais sobre a síndrome de Boreout, sua definição, causas, diferenças em relação ao Burnout e como você pode fazer para prevenir seu ambiente de trabalho de apresentá-la? Continue lendo!

Boa leitura!

O que é a síndrome de Boreout?

mulher entediada no trabalho
Já ouviu falar da Síndrome de Boreout? Continue a leitura!

A síndrome de Boreout é um fenômeno comportamental que ocorre dentro do âmbito laboral, caracterizado, principalmente, pelo tédio crônico em relação às atividades profissionais. 

Colaboradores acometidos pela síndrome de Boreout são geralmente aqueles que não enxergam propósito no seu trabalho dentro da empresa e que são pouco desafiados em relação a suas atividades cotidianas. 

Apesar de não ser tão evidente quanto a síndrome de Burnout, o Boreout também pode acarretar problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, que persegue o colaborador inclusive para fora do ambiente de trabalho. 

Porém, você deve ter em mente que nem sempre a desmotivação e o tédio são sinônimos de Boreout, afinal, são diversos os motivos que podem levar um colaborador a apresentá-los. Por conta disso, é preciso observar se esses comportamentos são recorrentes e se perduram por dias ou até semanas. 

Boreout é a mesma coisa que Burnout?

Não. Apesar de ambos se encaixarem em condições associadas a condições laborais, Boreout e Burnout são distúrbios diferentes. 

Burnout é uma condição que está associada com trabalho excessivo, a ponto do colaborador se sentir esgotado, tanto fisicamente quanto psicologicamente. A causa para a síndrome de Burnout são as longas horas de trabalho, o excesso de demanda e a ausência de um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. 

Já o Boreout está no outro extremo. Neste distúrbio, a pessoa não se sente motivada a realizar suas funções e apresenta um estado constante de tédio e desinteresse. 

Quais são os sintomas da síndrome de Boreout?

Pode ser um grande desafio para as equipes de RH e lideranças identificarem que seus colaboradores estão sofrendo com essa síndrome. Afinal, dificilmente eles vão se sentir confortáveis em compartilhar esse sentimento, uma vez que ele pode ser recebido negativamente. 

Por isso, é importante atentar-se aos seguintes sinais, que podem ser reflexo da síndrome de Boreout:

homem entediado no trabalho
Confira alguns sintomas da síndrome de Boreout!

Tédio

O principal indício da síndrome de Boreout é o tédio constante. Se um colaborador parece estar constantemente entendiado, disperso e sonolento, pode ser que ele esteja passando por essa situação. Porém, todos nos sentimos entediados algumas vezes na vida. Por isso, é fundamental observar com qual frequência tal colaborador apresenta esse comportamento – se é pontual ou se já faz parte de seu cotidiano. 

Falta de foco

O tédio faz com que a atenção seja reduzida e haja menores reações a estímulos. Então, a pessoa entediada está constantemente distraída e terá dificuldades em realizar suas tarefas diárias. Logo, a procrastinação também é um sinal de que a síndrome de Boreout está presente. 

Desmotivação

Conforme mencionado anteriormente, a pessoa acometida pela síndrome de Boreout não consegue enxergar satisfação em seu trabalho, pois suas atividades parecem não fazer sentido. Como não existe uma razão para isso, é natural que a pessoa fique desmotivada e não engaje mais em novas atividades. 

Inclusive, pesquisas de especialistas da área indicam que pessoas com síndrome de Boreout dificilmente conseguem vencer a barreira da desmotivação para se engajar novamente em atividades que lhe seriam interessantes. Isso significa que, uma vez que a pessoa se encontra nesse estado, será mais difícil de fazer com que ela por si só busque motivação no trabalho e o desejo pelo desenvolvimento profissional. 

Quais são as causas da síndrome de Boreout?

Sabemos que o mundo do trabalho está em constante evolução, juntamente com o restante. À medida que a tecnologia evolui e novas relações surgem a partir dela, é comum que as empresas sintam dificuldade em acompanhar todas essas tendências. Isso pode levar a cenários em que colaboradores não enxerguem razão em processos e atividades, levando à síndrome de Boreout. 

Por isso, é de extrema relevância que a equipe de RH e as lideranças preparem-se para identificar as causas internas dessa síndrome e de muitas outras que acometem colaboradores em seu ambiente de trabalho. Em relação ao Boreout, algumas possíveis causas são:

  • Metodologia de trabalho: colaboradores sentem que os processos poderiam ser mais inteligentes e menos burocráticos;
  • Cultura corporativa orientada somente a resultados: quando colaboradores precisam trabalhar independentemente se há demanda ou não, e sempre apresentar resultados, é possível haver a perda do propósito, levando à desmotivação e ao tédio; 
  • Contratação super qualificada: há quem acredite que contratar uma pessoa muito qualificada para a vaga fará com que ela execute tarefas mais simples com maestria. Porém, se for algo muito abaixo de suas habilidades, em pouco tempo ela poderá se sentir pouco desafiada; 
  • Posições vagas e indefinidas: quando há pouca definição de quais tarefas uma determinada posição deveria fazer, e o que é ou não sua responsabilidade, isso pode acabar gerando um desconforto com o colaborador da posição, desmotivando-o; 
  • Pouca atenção à avaliação de desempenho: um colaborador que não é constantemente avaliado e direcionado para seu crescimento profissional pela sua liderança pode acabar se sentindo pouco visto, o que também leva à desmotivação e a um tédio generalizado. 

Quais são os impactos do Boreout para a empresa?

RH conversando com o colaborador
A síndrome de Boreout traz prejuízos tanto para a saúde dos colaboradores quanto para a empresa

Assim como os demais distúrbios do ambiente de trabalho, a síndrome de Boreout traz prejuízos tanto para a saúde integrada dos colaboradores quanto para os resultados da empresa. Confira, abaixo, alguns dos impactos que essa questão pode trazer para as empresas:

  • Deterioração do clima organizacional na empresa;
  • Aumento da rotatividade de talentos;
  • Diminuição da qualidade do produto ou serviço oferecido;
  • Danos para a marca empregadora da empresa e para sua reputação no mercado de trabalho.

5 dicas para evitar a síndrome de Boreout no ambiente de trabalho

Como percebemos, a síndrome de Boreout é um mal silencioso que pode afetar toda e qualquer companhia. Muitas vezes, não sabemos que nossos colaboradores podem estar sendo acometidos por esse distúrbio. Por isso, é importante agir! Abaixo, você encontrará algumas dicas para incorporar nas ações internas de sua empresa:

1. Fale sobre a síndrome de Boreout

Como dito, existe uma cultura que valoriza o excesso de trabalho. Por conta disso, nenhum colaborador pedirá ajuda se estiver sentindo tais sintomas por medo de reprimendas. Logo, é importante criar um espaço seguro em que esse diálogo seja possível, assim como a disseminação de informações sobre a síndrome e seus sintomas. 

2. Implemente rotação de tarefas

Convenhamos: fazer as mesmas atividades todos os dias da sua vida é entediante. Em razão disso, incentive a liderança de cada setor a criar um sistema de rotação de tarefas. Assim, cada colaborador pode experimentar diferentes atividades – e inclusive gostar de alguma outra tarefa que pode proporcionar seu crescimento profissional na área!

3. Faça um bom uso do tempo de suas equipes

Cada tarefa precisa de um determinado tempo alocado, que dependerá da velocidade de cada colaborador para completá-la. Tente implementar medidas que ajudem as lideranças a quantificar esse tempo, para evitar que determinado colaborador tenha muito tempo livre enquanto outro se sobrecarrega de demandas. Caso haja equipes em tempos mais tranquilos e de baixa demanda, incentive a liderança a realizar encontros e treinamentos. 

4. Preste atenção no que seus colaboradores estão dizendo

Diversas vezes, os colaboradores dão indícios de como estão se sentindo em conversas e outros contextos que não necessariamente envolvam trabalho. Por isso, é importante ter atenção ao que dizem para detectar se há necessidade de alguma ação. Invista bastante esforço no processo de avaliação de desempenho da empresa e ajude as lideranças a identificar tais pontos em feedbacks. 

5. Promova saúde e bem-estar

Por fim, mas não menos importante, investir na saúde e bem-estar dos colaboradores pode ajudá-los a manterem-se mais dispostos, atentos e saudáveis, promovendo um melhor ambiente de trabalho. Por isso, considere programas de bem-estar, como um benefício de saúde integrada, para motivá-los ainda mais a se cuidar e cuidar da saúde. 

Agora, você já sabe o que é a síndrome de Boreout e como lidar com ela em sua organização. Apesar de pouco conhecida, ela pode causar grandes estragos, por isso, não deixe de atentar-se a sua presença em sua organização!